Atendendo ao chamado de moradores de Arroio dos Ratos, a deputada estadual Luciana Genro (PSOL) promove uma audiência pública da Frente Parlamentar em Defesa da Moradia Digna para tratar dos graves alagamentos que atingem o município, especialmente o bairro Nossa Senhora Aparecida, onde cerca de 350 famílias foram afetadas entre 2024 e 2025. A audiência ocorre no dia 8 de dezembro (segunda-feira), a partir das 16h na Sala Salzano Vieira da Cunha da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul (Praça Marechal Deodoro, 101, Porto Alegre).
A comunidade atribui os alagamentos à atuação da Copelmi Mineração, cuja atividade de extração de carvão teria alterado significativamente a geografia da várzea do Arroio dos Ratos, destruindo planícies naturais de inundação e redirecionando o fluxo das águas para dentro da cidade. As denúncias levaram o Ministério Público a instaurar um inquérito civil em 2024.
Em reuniões com a deputada e com o Ministério Público, os moradores apresentaram fotos, vídeos e relatos que demonstram o impacto ambiental causado pela mineração, incluindo modificações no relevo e interferências no curso natural do arroio. Embora a empresa já tenha encerrado as operações em uma de suas cavas, não houve, até o momento, qualquer ação efetiva de recuperação ambiental.
“A comunidade de Arroio dos Ratos não pode ser deixada à própria sorte diante da negligência do poder público, que se omite na fiscalização das ações da mineradora. Estamos falando de centenas de vidas afetadas e de um risco ambiental permanente”, afirma Luciana Genro.
A mobilização da comunidade tem sido central neste processo. Sem assessoria técnica própria, os moradores organizaram uma associação informal, reuniram mais de 300 pessoas na primeira audiência, realizada em julho, e contam com apoio do PSOL, que já esteve na cidade, realizou registros com drone e trabalha em conjunto com o engenheiro Vicente Lutz na elaboração de um parecer técnico alternativo. O objetivo é apresentar ao Ministério Público uma análise detalhada que evidencie o nexo entre a atividade mineradora e os alagamentos, evitando o arquivamento do inquérito.
“Ao lado dos moradores, seguiremos exigindo que a Copelmi assuma suas responsabilidades e que o poder público pare de fechar os olhos diante dessa devastação ambiental. Não aceitaremos que a população pague o preço da destruição da natureza e da omissão das autoridades”, concluiu Luciana Genro.