Luciana Genro dialogou com servidores, docentes e estudantes da FURG.
Luciana Genro dialogou com servidores, docentes e estudantes da FURG.

| Serviço Público

A deputada estadual Luciana Genro (PSOL) esteve em Rio Grande, nesta quinta-feira (30), para participar de uma palestra sobre os desafios políticos e sociais da conjuntura brasileira, com destaque para os impactos da reforma administrativa.

O encontro, realizado na sede da Aprofurg, a convite da entidade e do Sindicato do Pessoal Técnico-Administrativo da FURG (Aptafurg), reuniu lideranças políticas, sindicais e estudantis. Também participaram a presidenta estadual do PSOL, Gabi Tolotti, que relatou sua experiência na Global Sumud Flotilla — iniciativa que tentou levar ajuda humanitária a Gaza — e Vera Mayorca, articuladora da atividade e ex-candidata à prefeitura pelo PSOL em Rio Grande.

Compuseram a mesa Gustavo Borba de Miranda e Angélica Conceição Dias Miranda, presidente e vice-presidenta da Aprofurg; Daniel Antiqueira, coordenador-geral do DCE da FURG; Patrick Matos Freitas, coordenador-geral da Aptafurg; e Maria de Lourdes Lose, coordenadora de imprensa da entidade. Patrick destacou que “a população é quem mais vai sofrer com a reforma administrativa, especialmente quem depende de escola pública, de posto de saúde e de segurança pública”, enquanto Daniel Antiqueira e Maria de Lourdes Lose reforçaram a importância da mobilização nas ruas, lembrando que “é assim que as conquistas acontecem, com atos e presença popular”.

Em sua fala, Luciana Genro afirmou que a reforma administrativa é um exemplo emblemático dos desafios da conjuntura atual, alertando para seus impactos sobre os servidores e a classe trabalhadora. “Essa PEC é bolsonarista, vem do governo Bolsonaro, e a extrema direita tem como objetivo destruir toda possibilidade de luta da classe trabalhadora”, destacou.

Nesse sentido, ela lembrou o massacre ocorrido no Rio de Janeiro, em que mais de cem pessoas foram mortas em uma operação policial nos complexos do Alemão e da Penha, observando que parte da população chegou a comemorar as mortes. “A extrema direita oferece soluções simples para problemas complexos. É muito fácil dizer que ‘bandido bom é bandido morto’. Eles não se comovem com os corpos pretos e pardos estirados no chão, que obviamente não são os chefões do tráfico”, avaliou.

Luciana Genro relacionou esses temas à conjuntura política nacional e à persistência de uma estrutura de poder excludente. Segundo ela, “temos um governo de conciliação com a burguesia, enquanto o movimento sindical e popular ainda está enfraquecido diante dos enormes desafios que temos pela frente”. A deputada ressaltou que as pautas das mulheres, da negritude e da população LGBTQIA+ são, antes de tudo, pautas da classe trabalhadora, já que esses grupos compõem a maioria dessa classe e devem estar no centro das lutas sociais.

Por isso, a luta feminista é fundamental, assim como é necessário que os movimentos sociais, sindicais e políticos dialoguem com a classe trabalhadora. A deputada citou como exemplo positivo desse tipo de atuação o trabalho realizado por Vera Mayorca no Emancipa Mulher Querência, que proporciona geração de renda e conscientização política às mulheres do Balneário Querência, a partir do ensino de corte e costura e da fabricação de bolsas, mantas e panos de prato para vender.

No âmbito estadual, Luciana Genro lembrou que o governador Eduardo Leite (PSDB) já promoveu mudanças que desmantelaram as carreiras do funcionalismo público gaúcho, e que se corre o risco do mesmo ocorrer na seara nacional. “Temo que essa proposta nacional acabe sendo o ‘jabuti na sala’ para uma reforma mais branda. Mesmo governos anteriores já ensaiaram reformas administrativas, e sabemos o quanto é difícil mobilizar a classe trabalhadora nesse tema”, observou.

A presidenta do PSOL-RS, Gabi Tolotti, reforçou a importância da resistência e da consciência coletiva: “Se a população soubesse a força que têm os servidores públicos para manter as universidades e os serviços essenciais, compreenderia que o ataque não é a pessoas, mas à estrutura que garante direitos. Se tem uma coisa que une todos os temas abordados aqui, desde a Palestina até a reforma administrativa, é a certeza de que só a luta muda a vida”, destacou.

Diante deste cenário, Luciana reafirmou a necessidade de unificar a classe trabalhadora em defesa dos seus direitos e de uma esquerda coerente e propositiva. “Precisamos arrancar avanços dentro dessa conjuntura. Se ficarmos paralisados, o retrocesso vem”, concluiu.