A deputada estadual Luciana Genro (PSOL) segue ao lado da comunidade Mbya Guarani Nhe’Engatu, em Viamão, que está ameaçada por um projeto de lei que busca ceder a área onde vivem para o município. A parlamentar esteve no local nesta segunda-feira (15), em ato em apoio aos indígenas, e vem tentando dialogar com o governo para pedir a retirada da proposta.
O projeto de lei estadual 280/2025, de autoria do Executivo, consiste em doar 88 hectares do total de 148,80 que pertencem à extinta Fepagro, a Viamão para ser instalado um Centro Logístico, Empresarial e Tecnológico. No entanto, a proposta foi elaborada sem levar em conta a presença da retomada indígena e sem ao menos consultar a comunidade, composta por 57 famílias.
“Infelizmente, este projeto está inserido na lógica de um chamado ‘desenvolvimento’ que prioriza o capitalismo predatório, modelo sustentado pelo governo estadual e que coloca o lucro acima da vida. Já os povos indígenas vivem em comunhão com a natureza, propondo outro tipo de desenvolvimento, baseado no respeito à terra, na sustentabilidade e na preservação da vida para as próximas gerações”, colocou Luciana Genro durante a visita à comunidade.
O cacique Eloir de Oliveira agradeceu à presença da deputados, da Defensoria Pública, do Ministério Público e de outras autoridades durante o ato que ocorreu na área indígena. “Estamos aqui para recuperar um pouco do território ancestral. Essa área proporciona tudo que a gente precisa para viver como Mbya Guarani, viver nossa cultura, nossa ancestralidade”, afirmou.
O território é também onde fica o Banco de Germoplasma de Butiazeiros (BAG-butiá/Viamão), resultado de pesquisas desenvolvidas pelo Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária, com o objetivo de reproduzir e manter espécies raras de butiazeiros em situação de risco de extinção. Representantes do Departamento apoiam os indígenas e garantiram que não há conflito entre a permanência dos guaranis e a realização das pesquisas.