Ao lado de centenas de trabalhadores da saúde e moradores de Canoas, a deputada estadual Luciana Genro (PSOL), junto da deputada federal Fernanda Melchionna (PSOL), participou do abraço simbólico ao Hospital de Pronto Socorro (HPS) do município. A mobilização popular expressa o crescente descontentamento da comunidade diante do fechamento da unidade, que, segundo a Prefeitura, estaria em obras após ter sido inundada durante as enchentes de 2024.
“O que está acontecendo em Canoas é um verdadeiro escândalo. A Prefeitura afirma que o hospital está em obras, mas a realidade é outra: o prédio segue fechado, abandonado, sem qualquer indício de intervenção. A população vê isso todos os dias”, denunciou Luciana Genro após conversar com ex-funcionários do HPS. Fernanda Melchionna também criticou o descaso. “Enquanto isso, o povo sofre com superlotação nas demais unidades e a falta de atendimento de urgência. É lamentável!”, pontuou a deputada federal.
A manifestação contou ainda com o trancamento parcial das ruas próximas ao hospital, como forma de chamar a atenção das autoridades e fortalecer a luta por saúde pública de qualidade na região metropolitana. “Fechar o HPS de Canoas sem apresentar uma alternativa concreta é uma política de morte. Trata-se da precarização da saúde pública em um dos momentos mais críticos do ano: enfrentamos novas enchentes e um inverno rigoroso, com temperaturas negativas em várias regiões do estado”, afirmou Luciana Genro, na sua fala dirigida aos manifestantes.
Por iniciativa da parlamentar, o tema foi levado à Comissão de Saúde e Meio Ambiente da Assembleia Legislativa, momento em que trabalhadores da saúde relataram a situação aos deputados. Como apontou o médico Paulo Wageck: “o HPS foi engolido pelas águas, mas o mais grave é o silêncio que se seguiu. Já se passou mais de um ano da enchente, e a estrutura do hospital simplesmente deixou de existir como era. Perdemos mais de 100 leitos, duas UTIs, um bloco cirúrgico, o Centro de Trauma e uma clínica. Os outros hospitais da cidade não têm capacidade de absorver essa demanda”, relatou Wageck durante oitiva na Assembleia.
Até o momento, não há qualquer garantia formal de que o HPS será reconstruído como hospital. Cerca de 500 trabalhadores foram demitidos, e, antes da tragédia, o local era referência no atendimento de urgência e emergência para mais de 3 milhões de pessoas em 103 municípios, segundo dados do Simers. Diante disso, Luciana Genro levou à Comissão a demanda por garantias de reconstrução do hospital, com retorno de suas funções originais, além da liberação de verbas e definição de prazos para sua reabertura.