Luciana Genro na procissão e, em seguida, imagem do Bará é quebrada.
Luciana Genro na procissão e, em seguida, imagem do Bará é quebrada.

| Matriz Africana

A 3ª Festa do Bará, no Mercado Público de Porto Alegre, que reuniu centenas de fiéis nesta sexta-feira (13) foi encerrada com um episódio de racismo e intolerância religiosa. Ao final da celebração, um homem atacou a imagem do orixá Bará que estava sendo conduzida em cortejo e a quebrou, enquanto ofendia as pessoas ali presentes. Diante da gravidade do ocorrido, a deputada estadual Luciana Genro (PSOL) enviou representação ao Procurador-Geral de Justiça do Rio Grande do Sul pedindo que seja aberto um inquérito civil sobre o caso.

“É muito grave que alguém se sinta no direito de interromper uma festividade religiosa, atacar a imagem do orixá e ainda proferir xingamentos às religiões de matriz africana. Infelizmente, é um exemplo muito explícito de racismo religioso e intolerância, crimes que não podem ser aceitos. Espero que o Ministério Público tome as medidas cabíveis diante do ocorrido”, afirma Luciana Genro. A deputada, inclusive, destinou verbas de emenda parlamentar que permitiram a realização da Festa do Bará.

Segundo registros e testemunhos, o agressor aproximou-se da procissão, empurrou a escultura religiosa, arrancou partes da vestimenta e danificou a sua base, causando grande comoção entre os presentes. As lideranças religiosas relataram que, durante o ato, o agressor proferia palavras de cunho ofensivo às religiõesde matriz africana.

O ocorrido configura grave violação ao direito fundamental à liberdade religiosa e à proteção das manifestações culturais afro-brasileiras, além de reforçar práticas de discriminação racial e contribuir para a marginalização simbólica da população negra e das religiões de matriz africana. Por isso, a parlamentar entende que se configuram os crimes de racismo e intolerância religiosa.

Por isso, Luciana Genro pede ao MP que seja instaurado inquérito civil para apurar os fatos, com a devida oitiva das pessoas envolvidas e a coleta de provas pertinentes, e que sejam tomadas todas as providências cabíveis para assegurar a devida responsabilização do autor, bem como outras medidas que sejam necessárias e adequadas para a promoção da liberdade religiosa, da igualdade racial e da dignidade da pessoa humana.