A deputada estadual Luciana Genro (PSOL) se soma à iniciativa do Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan) no Rio Grande do Sul para encontrar filhos e filhas separados de seus pais nas décadas de funcionamento do Hospital Colônia Itapuã. Dentre os anos 1940 e 1985, mais de duas mil pessoas com hanseníase (a antiga lepra) foram internadas compulsoriamente no local, em Viamão, sendo muitas vezes separados de suas famílias sem nem mesmo conseguir se despedir.
Pelo caráter altamente contagioso da doença na época, criou-se uma política de confinamento forçado, durante o governo Getúlio Vargas, com a fundação de hospitais em todo o país. A cura foi descoberta em 1985 e, atualmente, o tratamento é fornecido pelo SUS, sem necessidade de isolamento. Décadas depois do fechamento das instituições de internação compulsória, o governo federal vem tomando iniciativas de reparação e indenização para as vítimas dessa política.
“É uma história trágica de pessoas que foram separadas de suas famílias, confinadas e passaram a sua vida inteira – ou grande parte dela – afastadas do restante da sociedade. Estou à disposição do Morhan na luta para garantir a reparação para os pacientes e suas famílias”, afirmou a deputada após a reunião.
Luciana Genro é autora da lei que colocou no Calendário Oficial do Estado o dia 11 de maio como Dia Estadual da Conscientização e Prevenção da Hanseníase. A Assembleia Legislativa também recebe, ao longo desta semana, a exposição que busca conscientizar sobre a história do Hospital Colônia.
Em 2023, foi aprovada a indenização para os filhos que foram separados de seus pais, como é a situação dos que foram internados em Itapuã e, em alguns casos, nunca mais se reencontraram. “Essa é uma importante vitória, mas há uma dificuldade para se encontrar esses filhos, informá-los dos seus direitos e conseguir os documentos comprobatórios”, explicou Artur Custódio, representante do Ministério da Saúde e ex-coordenador do Morhan nacional.
A coordenadora do núcleo da Região Metropolitana do Morhan, Magda Chagas, tem atuado para auxiliar os filhos a conseguirem os documentos necessários. Dentre os filhos, há tanto bebês que nasceram dentro do hospital, foram direcionados ao educandário que havia no local e posteriormente enviados para adoção, quanto aqueles que permaneceram com outros integrantes da família após a internação de sua mãe ou pai.
Os ex-internos também têm direito à pensão vitalícia desde 2007, e mais recentemente, se avançou no entendimento de que estes filhos e filhas também sofreram danos irreversíveis pelo afastamento compulsório de seus pais ou mães. O Morhan está à disposição para auxiliar na busca por direitos, e o contato pode ser feito com Magda Chagas pelo telefone (51) 99606-7019.