A deputada estadual Luciana Genro (PSOL) participou da abertura da 2ª Conferência Estadual do Povo de Terreiro. O evento ocorre após um hiato de 10 anos desde a sua primeira edição e só foi possível graças à destinação de emendas parlamentares, dentre as quais, uma da própria deputada no valor de R$ 100 mil. O encontro representa um importante espaço de diálogo, onde se debatem temas como o combate à intolerância religiosa, ainda muito presente no Rio Grande do Sul, e a importância da representatividade dos terreiros como espaços identidade e resistência.
“Reuniões como essa são essenciais para o fortalecimento e reconhecimento das tradições de matriz africana como formadoras não somente da cultura nacional, mas, também da cultura estadual gaúcha”, destacou a deputada em sua fala no evento.
Sempre comprometida com a valorização das religiões de matriz africana e o combate ao racismo religioso, Luciana Genro destacou o quão significativo é a realização da Conferência um ano após as enchentes que devastaram o Rio Grande do Sul. “Os terreiros são espaços de resistência cultural, espiritual e política. É nosso dever, assim como do próprio Estado, reconhecê-los na sua relevância e ativismo. Durante o período de calamidade, por exemplo, pais e mães acolheram muitos desabrigados, prestando assistência para quem perdeu tudo. Até hoje, sei que muitos pais e mães, mesmo com o seus terreiros destruídos, seguem realizando esse trabalho de acolhimento para a população que ainda não se reergueu e, como de costume, aos excluídos e marginalizados”, afirmou Luciana Genro.
De acordo com o Ministério da Igualdade Racial, aproximadamente 1,3 mil comunidades tradicionais de matriz africana, incluindo seus terreiros, foram afetadas pelo desastre climático e ficaram sem acesso à água, energia e alimentos. Segundo mapeamento realizado pelo Núcleo de Estudos de Geografia e Ambiente (Nega) e pelo Curso de Aperfeiçoamento Uniafro da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), cerca de 650 terreiros foram totalmente destruídos.
“Estamos fazendo uma série de audiências públicas para debater não só a importância das religiões de matriz africana, mas, também, o preconceito que elas sofrem. Neste dia 22 (de maio) teremos uma aqui na capital, e logo nós estaremos na cidade de Pelotas, onde sei que muitos ainda lutam para reerguer os seus espaços sagrados”, anunciou a deputada.
Através das ações do seu mandato, Luciana Genro tem promovido o reconhecimento e a valorização das religiões de matriz africana, fortalecendo a luta por respeito, dignidade e liberdade de culto. Entre as ações mais significativas está a Cartilha do Povo de Terreiro, material informativo sobre os orixás e as tradições afro-brasileiras, elaborado em parceria com pais e mães de santo. Distribuída gratuitamente em todo o estado, a cartilha tem sido uma importante ferramenta de combate ao preconceito e de difusão dos saberes ancestrais.
Também é de autoria da deputada a Lei nº 16.122/2024, que institui o Dia Estadual do Tamboreiro, do Alabê, do Ogã e do Tata, celebrado em 15 de setembro, uma homenagem à força de quem sustenta os fundamentos das religiões de matriz africana. Entre as propostas legislativas em tramitação por iniciativa da deputada, destacam-se os projetos que reconhecem como patrimônio histórico e cultural do estado os Assentamentos de Bará localizados em Porto Alegre e Pelotas.
Luciana Genro já realizou, por meio da Comissão de Cidadania e Direitos Humanos, audiências públicas sobre o combate à intolerância religiosa em Santa Cruz do Sul e Cachoeirinha. O encontro voltado para o tema em Porto Alegre ocorre no dia 22 de maio no Espaço de Convergência (Sala Adão Pretto) da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, às 18 horas.