Desde a enchente de 2024, duas escolas estaduais no bairro Mathias Velho, em Canoas, dividem o mesmo prédio. A Escola Estadual São Francisco de Assis abriga agora também a Escola Tereza Francescutti, que aguarda as reformas necessárias após ter sido alagada. A deputada estadual Luciana Genro (PSOL) visitou as instituições, ao lado do presidente do PSOL Canoas Rodrigo Cebola, e irá cobrar da Secretaria de Educação celeridade nas obras e melhorias solicitadas pelas duas comunidades escolares.
A divisão do edifício, onde agora no térreo funciona a Escola Tereza e no andar de cima, a Escola Francisco, causa uma série de questões, como a necessidade de se ter duas salas para direção e administração, duas equipes voltadas para merenda que precisam dividir uma cozinha, além da falta de salas para oficinas voltadas para os alunos de turno integral da escola Francisco.
“É muito complicada a situação das duas escolas, pois embora o prédio seja grande, é preciso ter locais adequados para estudo, descanso, prática de esportes, alimentação, além de funcionários suficientes. Ambas enfrentam precariedades neste momento”, avalia Luciana Genro. Ainda, as salas de aula não contam com ar condicionado, apenas ventiladores que não dão conta do calor. As escolas ficaram duas semanas sem aula pois, no auge do calorão, ficaram sem água.

O vice-diretor da escola São Francisco, Laerte Ferraz da Silva, relata que os estudantes se prejudicam com a necessidade de revezar a quadra de esportes e precisar passar o dia inteiro na mesma sala. “O turno integral neste momento ficou difícil, porque perdemos as salas temáticas, então os jovens acabam ficando das 8h às 17h na mesma sala, o que obviamente é muito cansativo”, aponta.
Com a situação, a Francisco está “perdendo” alunos para a Escola Tereza, pois muitos não querem mais estudar no turno integral. Ao mesmo tempo, a situação da Tereza é ainda mais precária, com apenas duas funcionárias para cozinhar as refeições, a turma de 1º ano do Ensino Fundamental sendo encerrada e tentativas do governo de unir as turmas de 3º e 4º ano, pois muitos alunos saíram da escola após a enchente e a mudança de local.
“Nós não estamos mais na nossa comunidade, então isso nos prejudica muito. Além da escola ter sido atingida, muitas famílias perderam tudo. É justamente neste momento que a escola tem um papel a cumprir, pois a educação é transformadora. E nós não estamos conseguindo apoiar as famílias da maneira necessária, pois não temos estrutura”, afirma a vice-diretora da Tereza, Eliane Nunes.
Ainda, os estudantes que estão com defasagem no ensino não têm espaço adequado para aprender, pois a professora que atua na recuperação divide uma sala com o restante da administração. Essa questão será uma das que Luciana Genro irá levar para a Comissão de Educação da Assembleia, assim como a falta de funcionários, a situação das turmas de 3º e 4º ano e, naturalmente, a pressão para que as obras ocorram o mais rápido possível.