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A Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da Assembleia Legislativa ouviu, nesta quarta-feira (26), o relato do soldado Lucas Matheus Cruz Sales sobre uma suposta perseguição administrativa dentro da Brigada Militar. A oitiva foi solicitada pela deputada estadual Luciana Genro (PSOL), coordenadora da Frente Parlamentar em Defesa dos Brigadianos de Nível Médio.

Para a deputada, esse tipo de perseguição disfarçada sob o regulamento disciplinar da corporação tem sido um problema recorrente dentro da Brigada Militar. “A estrutura da Brigada propicia que o regulamento seja usado em benefício de quem tem mais poder do que o outro para perseguir. Muitos não denunciam por medo de represálias. O ato corajoso do soldado Lucas ajuda a dar visibilidade a essas situações e a proteger outros brigadianos que passam pelo mesmo”, afirmou.

De acordo com o depoimento do soldado, ele tem sido alvo de punições consideradas desproporcionais, aplicadas por meio de processos administrativos. Uma das sanções mais severas foi a indicação de prisão de nove dias dentro do quartel, o que impacta diretamente suas atividades profissionais. Também afirmou que tais penalidades podem prejudicar seu comportamento disciplinar, impedindo sua participação em cursos internos pelos próximos anos.

“Esse nível de penalização atinge diretamente minha trajetória. Percebo que o objetivo não é manter a ordem, mas sim me calar”, declarou.
Foto: Fernando Gomes / ALRS.

Entre as supostas infrações disciplinares apontadas contra o soldado estão o uso de óculos de sol com lentes espelhadas e coloridas – com base em uma normativa que, segundo ele, não especifica cores -, o uso de bigode acima do lábio superior, o que teria gerado “exposição pública” e prejudicado a imagem institucional da corporação, além de um erro na tarjeta de identificação.

Sales reforça que as punições não visam a manutenção da disciplina, mas sim silenciá-lo e desmoralizar sua carreira. “Esse nível de penalização atinge diretamente minha trajetória. Percebo que o objetivo não é manter a ordem, mas sim me calar”, declarou.

O soldado Sales integra a corporação desde 2018 e é conhecido por seu trabalho de incentivo a jovens da periferia para ingressarem na Brigada Militar. Através das redes sociais, como Instagram e TikTok, ele compartilha o cotidiano da profissão e divulga conteúdos sobre a atuação de policiais em todo o Brasil. No entanto, suas postagens teriam passado a incomodar superiores, que, segundo ele, adotaram essas medidas para silenciá-lo.

O mandato e a Comissão devem acompanhar o caso, questionando a BM acerca das sanções e possibilidades de perseguição e intimidação por parte de oficiais, falando diretamente com o Comando da Brigada Militar.