Após ser vítima de injúria racial em partida do Campeonato Gaúcho de Futsal, o Atlântico, de Erechim, foi eliminado da competição em julgamento do Tribunal de Justiça Desportiva (TJD-RS). Enquanto autora da Lei Vini Jr., que determina um protocolo de combate ao preconceito nos esportes, a deputada Luciana Genro (PSOL) foi procurada pelo time.
“O time está ainda muito abalado e me procurou por conhecerem a Lei Vini Jr. e saberem que essa legislação os ampara nesse tipo de caso. Infelizmente, o árbitro demonstrou desconhecimento da lei, e o TJD-RS também não foi sensível ao ocorrido”, avalia Luciana Genro.
Na ocasião, o goleiro João Paulo foi chamado de “macaco” por um torcedor do time adversário, o Guarany, de Espumoso. Os jogadores abandonaram a partida, em solidariedade a ele e pelo abalo psicológico que João Paulo e os demais atletas negros estavam sofrendo. “Os atletas ofendidos não tinham condição emocional nenhuma de voltar à quadra, mas o árbitro só dizia que havia condições de continuar o jogo”, relatou o CEO do time, Elton Dalla Vecchia.
Segundo o time, o árbitro e o representante de quadra da Liga Gaúcha se mantiveram “totalmente neutros”, sem determinar a prisão do criminoso, mesmo ele sendo facilmente identificado. “Eles não conversaram com os atletas para verificar o estado emocional deles, simplesmente disseram que tinha segurança para fazer o jogo”, narrou o CEO.
No julgamento, o TJD-RS decidiu por eliminar o Atlântico, por abandono de quadra, e multou a equipe adversária por 10 mil reais apenas, e dois jogos em casa com os portões fechados. Dalla Vecchia afirma que os árbitros não demonstraram ter conhecimento da Lei Vini Jr.
O mandato da deputada Luciana Genro está em contato com o Atlântico e irá buscar um diálogo com a Federação Gaúcha de Futsal e com a Liga Gaúcha de Futsal para que tanto as entidades quanto os árbitros passem a conhecer a Lei e aplicá-la em suas partidas.