O território de Matriz Africana A Roça, A Casa dos Orixás, em Feliz, foi destruído por um desmoronamento causado pela tempestade que atingiu o estado no dia 30 de abril. Até hoje, a estrutura religiosa segue sem poder realizar suas atividades – além da destruição da estrutura, o entorno segue sem limpeza adequada e não há garantia de que não ocorrerão novos deslizamentos.
O mandato da deputada Luciana Genro (PSOL) esteve no local para participar de Escuta Pública realizada pela Defensoria Pública da União para se somar à luta da comunidade. O evento também contou com a presença do Conselho de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra (Codene), Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa, Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados.
Além da estrutura religiosa, duas residências também foram soterradas: a de uma senhora de 75 anos, mãe da Ìyá Patrícia de Xangô, líder do terreiro, e de seu filho. Mesmo com a destruição da casa, a dona Nevacy, mãe da Ìyá Patrícia, ainda está aguardando para receber o Auxílio Reconstrução, que segue em análise.
No caso de Ìyá Patrícia, a casa não foi perdida, mas a Mãe de Santo ficou sem acesso à sua residência por 15 dias devido ao deslizamento. A prefeitura da cidade de Feliz se recusou a enviar os dados de Mãe Patrícia ao governo federal, por isso, a deputada Luciana Genro irá oficiar a prefeitura de Feliz acerca da negativa de fornecer os dados dela. Ainda, elas também ficaram sem água devido à destruição de toda a rede de abastecimento da Corsan.
“Essas pessoas tiveram suas residências e seu espaço religioso duramente atingidos pela tempestade que ocorreu bem no início da tragédia que atingiu nosso estado. E até hoje, não tiveram suas vidas normalizadas, o que é inaceitável. O poder público precisa agir para garantir os direitos delas”, destaca Luciana Genro.
Os moradores fizeram diversos protocolos e cobranças à prefeitura acerca da via obstruída, mas o poder público apenas compareceu ao local após uma postagem nas redes sociais de Ìyá Patrícia. Infelizmente, até hoje o local segue sem limpeza completa, uma vez que somente moveram a lama de um lugar para o outro, gerando a obstrução do segundo acesso à Roça. Ou seja, no caso de novas chuvas, a via principal pode novamente ser inviabilizada, deixando-os ilhados por culpa da própria Prefeitura.
“Foi necessário fazer várias reclamações pelas redes sociais, por telefonema diretamente ao representante da Secretaria de Infraestrutura do município, aos vereadores do município para que terminassem o serviço inacabado e que fizessem a vala de escoamento”, afirma Mãe Patrícia.
Ainda restam vários protocolos em aberto, especialmente referente à necessidade de contenção e avaliação por geólogos da área afetada, devido ao risco de novos desabamentos. Segundo a comunidade, nenhum geólogo por parte do município subiu na encosta para avaliar o risco e qual forma de contenção pode ser realizada.
A deputada Luciana Genro irá oficiar o município sobre a negativa de cadastro para o Auxílio Reconstrução e a Defesa Civil pedindo que envie técnicos para realizar um laudo sobre o risco de que haja um novo deslizamento. Os moradores estão receosos em reconstruir suas moradias e seu espaço religioso diante do risco de perderem tudo de novo.
Ainda, a parlamentar irá cobrar do poder público a limpeza da área, pois para liberar o acesso dos moradores, a terra apenas foi movida para outro local, soterrando um dos acessos. Também irá pedir que a prefeitura resolva a situação da rua de acesso ao sítio, pois a estrada está oferecendo riscos e com acúmulo de água, resultando em condições precárias e diversos buracos, o que afeta os moradores e frequentadores da região.