Projeto valoriza relação sagrada da música com as religiões de matriz africana e combate a intolerância religiosa. | Foto: Ingra Costa e Silva
Projeto valoriza relação sagrada da música com as religiões de matriz africana e combate a intolerância religiosa. | Foto: Ingra Costa e Silva

| Matriz Africana

Foi encaminhado para sanção do governador, após aprovação em comissões, o projeto de lei da deputada estadual Luciana Genro (PSOL) que institui o dia 15 de setembro como Dia Estadual do Tamboreiro, do Alabê, do Ogã e do Tata no Calendário Oficial de Eventos do Rio Grande do Sul. O PL 73/23 teve sua tramitação final da Comissão de Educação, Cultura, Ciência e Tecnologia.

Numa estimativa livre, calcula-se que o Rio Grande do Sul tenha mais de 65 mil terreiros, uma proporção maior que na Bahia e Rio de Janeiro. O mês de setembro foi escolhido por ser um mês comemorativo de Xangô, orixá da justiça, considerado o dono dos tambores.

“A relação entre Xangô e os tambores é encontrada em diversos estudos sobre as religiões afro-brasileiras. Ter um dia estadual para homenagear os tamboreiros é, além de uma forma de valorizar a cultura dos povos tradicionais, uma ferramenta de combate à intolerância religiosa, e meu mandato é um grande parceiro dessa luta!” comemorou Luciana Genro.

O som dos atabaques é parte fundamental nos terreiros e barracões das religiões de matriz africana. A habilidade de fazer com que a música considerada sagrada ecoe através do toque das mãos é responsabilidade de uma das principais figuras dentro de um terreiro, o Tamboreiro, conhecido também como Ogã ou Alabê (do iorubá Alagbê). Já nos candomblés de origem Kongo-Angola, a denominação usada é Tata ou, ainda, Tata Xikarengoma, título específico para os tocadores de Ngoma (atabaque).

No Batuque, ou Nação, o Alabê é o responsável pelos toques rituais, alimentação, conservação e preservação dos instrumentos musicais sagrados de membranofone, que com a batida das mãos produzem esse som. Na Umbanda, quem executa um ritual semelhante é o Tamboreiro.

Para o Candomblé, o Ogã é o adepto que tem a função de auxiliar, através do som, o babalorixá ou ialorixá para o bom funcionamento das obrigações. O Ogã Alabê tem como principal responsabilidade assumir os atabaques e entoar os cânticos sagrados no idioma da nação do terreiro (Ketu, Ijexá, Jeje e Angola) ou em português, nos terreiros de Umbanda e Quimbanda.

Mandato parceiro na luta contra a intolerância

O mandato da deputada Luciana Genro é um grande aliado na luta em defesa das tradições de Matriz Africana. Em 2021 lançou uma cartilha que busca, em uma linguagem acessível, disseminar conhecimento para desfazer preconceitos, pensar na intolerância e no racismo religioso, nas comunidades tradicionais. Já foram entregues mais de 40 mil exemplares em todo o estado.

Já em 2023, seu mandato elaborou um guia para combater e prevenir casos de intolerância religiosa. Esse material conta com informações importantes para que religiosos tenham conhecimento dos seus direitos caso seus templos sejam vítimas desse tipo de violência, além de orientações para denúncia e registro de boletim de ocorrência.

Esses e outros materiais sobre o assunto podem ser solicitados através de contato pelo WhatsApp (51) 99265-0578.