Ministra Sonia Guajajara foi recepcionada na Assembleia Legislativa.
Ministra Sonia Guajajara foi recepcionada na Assembleia Legislativa.

| Direitos Humanos

Nesta quinta-feira (23) aconteceu na Assembleia Legislativa a recepção para a Ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara. O evento foi proposto pela deputada estadual Luciana Genro (PSOL), que tem sido uma aliada na luta pela preservação do meio ambiente e pelos direitos dos povos indígenas.

Luciana Genro destacou que Guajajara foi uma indicação do movimento indígena ao governo Lula, e que ela é uma legítima representante das lutas e resistência dos povos originários. “Os resquícios do colonialismo aqui no Brasil se expressam nas retiradas de direitos dos povos indígenas, mas a resistência também se expressa na luta destes povos e essa luta não é apenas dos indígenas, mas é também uma luta pela verdadeira democracia do país”, pontuou, ressaltando ainda que a luta contra o marco temporal ainda está em curso no Congresso Nacional.

O vereador Roberto Robaina (PSOL) pontuou a importância da preservação de terras indígenas para o controle da crise climática enfrentada pelo país atualmente. “Quando nós pensamos nos efeitos da crise climática, nada mais importante para combater essa crise, do que garantir a preservação da natureza. A luta dos povos indígenas é uma luta em defesa da natureza. Então na verdade a defesa das terras para os indígenas é defesa dos interesses de todos,” enfatizou Robaina.

Em sua fala a Ministra pontuou que em 2023 já foram demarcados mais territórios indígenas do que nos últimos dez anos. Já foram demarcados oito territórios em oito meses. Guajajara ainda ressaltou como é fundamental para o país entender quem são os povos originários e o papel que eles exercem: “a própria criação do Ministério foi para ter esse diálogo e destravar pautas, nós realizamos a operação para retirar os invasores do território yanomami, estamos dando passos firmes para consolidar de vez esse entendimento do Brasil sobre quem são os povos indígenas e qual o papel que eles exercem. Os territórios indígenas são parte da solução para a crise climática”, relatou Sonia Guajajara, reforçando a fala de Robaina.

Na ocasião estiveram presentes diversas lideranças indígenas, o coordenador Kaingang, da terra indígena do Kandoia, Deoclides de Paula reforçou a luta por território do povo indígena, principalmente no Rio Grande do Sul. “O governo está vendendo territórios indígenas onde populações indígenas vivem há 15, 20 anos, para onde vão essas aldeias? Para onde vão esses indígenas? Essas terras estão sendo vendidas com a população indígena lá”, apontou.

A coordenadora Charrua, da aldeia Polidoro, Acuab de Moura, primeira cacica indígena Charrua, pontuou a importância das mulheres como líderes indígenas e relatou a dificuldade em relação a uma saúde de qualidade nas aldeias, “as nossas crianças estão doentes, com uma virose, sangrando pelo nariz e nós não conseguimos apoio das autoridades”, contou.

É essencial somar na luta pelos direitos dos povos indígenas e não aceitar nenhum tipo de retrocesso. Em 2022, Luciana Genro levou para a Comissão de Direitos Humanos a pauta dos alunos oriundos de povos Kaingang, Xokleng e Guarani, que reivindicavam que, após inúmeros casos de racismo, em especial na Casa do Estudante, fosse criada uma Casa do Estudante Indígena pela UFRGS. Além disso, a deputada também propôs uma audiência pública promovida pela Comissão de Educação da Assembleia Legislativa, para debater a situação das escolas indígenas do Rio Grande do Sul, que sofrem com estruturas físicas precárias, falta de espaço e demora para construção de prédios.

Também estiveram presentes Cullung Teie, coordenadora Xokleng da Retomada Xokleng Konglui em São Francisco de Paula, Cláudio Acosta, coordenador Guarani da Aldeia Guajavy em Charqueadas, a Associação de Estudos e Projetos com Povos Indígenas e Minoritários, os secretários municipais da cidade de Redentora, Airton Ribeiro e Leomar Ribeiro, os deputados estaduais Sofia Cavedon, Adão Pretto, Laura Sito, Leonel Radde, Jeferson Fernandes e Pepe Vargas e o deputado federal Dionilson Marcon.


O Núcleo de Direitos Humanos da Defensoria Pública do Estado, a Comissão de Igualdade Racial da OAB/RS e a Coordenadoria de Direitos Humanos da Defensoria Pública da União também estiveram na solenidade.

Confira as fotos do evento: