As trabalhadoras e os trabalhadores do setor de higienização do Grupo Hospitalar Conceição seguem na luta por 180 horas mensais. A categoria é a única da instituição que trabalha 220 horas mensais, uma média de 55 horas por semana – todos os demais trabalham aproximadamente 44 horas semanais. A demanda vem sendo acompanhada de perto pela deputada Luciana Genro (PSOL), que coordena a Frente Parlamentar em Defesa dos Trabalhadores da Saúde.
Nesta segunda-feira (26/06), a Frente realizou uma audiência sobre a reivindicação por 180 horas, com a presença da comissão dos trabalhadores, do Sindisaúde-RS, da Associação de Servidores do Grupo Hospitalar Conceição (ASERGHC) e do Ministério Público do Trabalho (MPT). A diretoria do hospital foi convidada e chegou a se comprometer a participar, mas não enviou representante. “É realmente lamentável, porque esperávamos poder ter essa interlocução com a direção do hospital”, colocou Luciana Genro.
A deputada destacou a importância da área da higienização, tanto durante a pandemia do coronavírus quanto para evitar o aparecimento de superbactérias. “São ocasiões que demonstram o quão estratégica é a área da higienização de um hospital. E estes servidores precisam receber o reconhecimento desse trabalho”, avaliou. Inclusive, foi devido a um surto de superbactéria, aproximadamente dez anos atrás, que o setor de higienização passou a ser composto por servidores concursados, e não mais terceirizados.
“Estamos tentando fazer o melhor possível, mas estamos a ponto de parar, porque a gente não aguenta mais. Eu fiz um concurso, eu tenho meu lugar, nós temos que ser respeitados”, desabafou Luciana de Almeida Silva, liderança da comissão das servidoras da higienização. O funcionário André Almeida, que trabalha com resíduos, relatou que os colegas estão sobrecarregados. André e Valmor Guedes, também do Sindisaúde-RS, entregaram para Luciana Genro um relatório feito pelos trabalhadores sobre a situação do setor de higienização.
A deputada federal Fernanda Melchionna (PSOL) esteve presente na audiência e se prontificou a levar a demanda para a Câmara dos Deputados, convidando o governo federal e os demais parlamentares, “colocando os ministérios um de frente para o outro, para que eles não possam fazer jogo de empurra-empurra”. Etevaldo Teixeira, dirigente do PSOL que vem acompanhando a luta dos trabalhadores, destacou a necessidade de se chamar a bancada do PT para discutir o assunto. Na audiência, o vereador Jonas Reis, do PT, esteve presente.
O presidente da ASERGHC, Arlindo Ritter, mencionou que há uma defasagem de 69 funcionários do setor no momento. “São 8 anos dessa luta, com a gestão Bolsonaro era isso mesmo, sabíamos que não íamos ter direitos. Agora com uma gestão do campo de esquerda, precisamos ter um horizonte”, apontou. Desde que o hospital decidiu desterceirizar o setor da higienização, os trabalhadores já foram contratados com 220 horas mensais.
“Justamente agora que é o PT na gestão do GHC, a gente precisa desse canal pra alcançar nosso objetivo. A higienização tem a maior carga horária e o menor salário. É a categoria com maior número de afastamentos por saúde e de doenças”, complementou Graziela Palma, que representou o Sindisaúde-RS e é técnica de segurança do trabalho do GHC.
Em participação por chamada de vídeo, a procuradora do Ministério Público do Trabalho (MPT) Priscila Schvarcz pontuou a importância da demanda e se colocou à disposição dos servidores. Lúcia Mendonça, do Sindisaúde-RS e trabalhadora do Hospital de Viamão, contou que na instituição onde trabalha o setor de higienização também precisou lutar pelas 180 horas, e obtiveram a conquista. “Com luta, com solidariedade e com união, a gente consegue”, afirmou.
Os trabalhadores irão se mobilizar para chamar atenção do presidente Lula ao assunto quando ele estiver em Porto Alegre, o que está previsto para o dia 30 de julho. Além disso, a partir da articulação da deputada Fernanda Melchionna, irão a Brasília buscar um diálogo direto com o governo e sua base.
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