Com o objetivo de dar transparência aos dados referentes à quantidade de agrotóxicos na água, a deputada Luciana Genro (PSOL) elaborou um projeto de lei para que as empresas de distribuição de água indiquem na fatura mensal a presença destes produtos. O intuito é prezar pela saúde da população e informar o consumidor sobre a água que está recebendo em sua residência e os riscos a que pode estar exposto.
“O Rio Grande do Sul é um estado com forte vocação agrícola, sendo comum a utilização de agrotóxicos em diversas culturas produzidas aqui. É importante que a população seja informada quando os níveis de veneno na água representam risco à saúde”, aponta Luciana Genro.
Investigação recente da Repórter Brasil, Agência Pública e a organização suíça Public Eye revelou que um coquetel que mistura diferentes agrotóxicos foi encontrado na água de 1 em cada 4 cidades do Brasil entre 2014 e 2017. No Rio Grande do Sul, em 14 cidades foi encontrada uma combinação de todos os 27 agrotóxicos testados na água.
Segundo dados oficiais da ANVISA, entre 2019 e 2022, foram liberados 2.182 agrotóxicos para serem utilizados no Brasil. Em julho de 2022, chamou atenção o caso de mais de 500 casos de câncer encontrados em cidades produtoras de grãos no oeste do Paraná. Segundo o estudo da Unioeste, foram encontrados níveis elevados de 11 agrotóxicos na água que abastece 127 cidades da região.
No Brasil, o monitoramento de agrotóxicos na água destinada ao consumo humano já é obrigatório. O Programa Nacional de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (Vigiagua) é responsável por coordenar esse processo. Suas ações são desenvolvidas em conjunto com as empresas fornecedoras e com autoridades de todos os níveis federativos. Desse modo, a proposição trata de dar transparência a dados já existentes, mas difíceis de acessar, especialmente para o cidadão que não tem conhecimento técnico sobre o tema.
O projeto na Assembleia gaúcha é assinado também pelo deputado Matheus Gomes (PSOL).