A deputada estadual Luciana Genro (PSOL) visitou nesta quarta-feira (22/03) a Escola Estadual Emílio Sander, em São Leopoldo, a convite de mães do Círculo de Pais e Mestres (CPM) da instituição. A escola, localizada no bairro Arroio da Manteiga, existe desde 1938 e atende 1.044 alunos nos três turnos, contando com Ensino Fundamental, Médio e Educação de Jovens e Adultos (EJA). É a única instituição que conta com todos os níveis de ensino no bairro.
No calor pelo qual o estado vem passando neste verão, estudantes e professores sofrem com a falta de estrutura dos prédios. As paredes são feitas de polietileno e os tetos, de brasilit, em sua maioria. Devido aos materiais, com a falta de uma manta asfáltica para isolamento térmico, os ventiladores não dão conta de refrescar o ambiente. Ainda, em algumas partes da escola não é possível ligar o ventilador e acender a luz ao mesmo tempo, conforme relatou a diretora Hildeburg Buhler, que acompanhou a visita.
Uma parte da escola são duas salas de aula que foram construídas de forma improvisada no pátio, onde o problema se agrava. Os ventiladores fazem barulhos altos que acabam atrapalhando os professores. E não há estrutura elétrica para instalação de ar condicionado.
“A fiação aqui mal comporta os ventiladores, tentamos instalar ar condicionado numa sala, mas nem liga. É insalubre ficar dentro das salas, as crianças e professores vão para casa com dor de cabeça”, afirmou Bibiana da Silva, vice-presidente do CPM. “Mesmo em dias amenos [como era o caso desta quarta-feira], dentro da escola está muito mais abafado do que fora. Até no refeitório, onde os estudantes fazem suas refeições, é extremamente quente”, constatou Luciana Genro na visita.
As mães relatam que, nos dias mais quentes, algumas turmas chegam a ter aula no pátio, em uma sombra. Para que os alunos possam se refrescar, a escola conta com bebedouros em todos os prédios. Mas em um deles, também devido a problemas na fiação, os bebedouros ficam com água quente, fazendo com que as crianças precisem se deslocar até os outros para beber água.
Além do calor extremo, a escola ainda passa por outros problemas estruturais e de falta de funcionários. A pracinha está interditada devido à queda de uma parte do telhado de um dos prédios, que deixou os brinquedos estragados. Em um dos prédios, há apenas dois vasos sanitários para quase 400 alunos que frequentam. E não há recursos para construir novas salas, mesmo que haja espaço físico.
Ainda, a falta de funcionários afeta também o funcionamento da escola. Na cozinha, no turno da manhã há apenas uma cozinheira, responsável pela refeição de quase 300 jovens e adultos. No turno da tarde e noite, são duas cozinheiras para mais de 1.000 estudantes. “Não temos como deixar de fazer comida aqui, pois os alunos muitas vezes chegam de manhã sem ter comido nada na noite do dia anterior. Eles precisam dessa alimentação”, coloca a diretora Hilde.
A escola conta com uma biblioteca, que no entanto está fechada devido à falta de bibliotecária. Também não há secretária para atender as famílias, fazendo com que o papel precise ser cumprido pela própria direção. Embora conte com 15 alunos com deficiência, a Emílio Sander também não tem monitores para acompanhar estes estudantes, o que é direito deles.
“São muitos problemas enfrentados pela escola, e infelizmente sabemos que a Emílio Sander não é uma exceção. Temos acompanhado diversos casos semelhantes, e inclusive de escolas que precisaram ser interditadas devido às precariedades”, constatou Luciana Genro. A deputada irá levar o assunto à Comissão de Educação da Assembleia Legislativa, e as mães também estão planejando se mobilizar e fazer um abaixo-assinado na luta por melhores condições.