A deputada estadual Luciana Genro (PSOL) esteve na Vila Tereza, em São Leopoldo, na noite deste sábado (23/07), onde dialogou com moradores da ocupação Justo. O encontro ocorreu no salão da Associação Kennedy, entidade comunitária da região, e contou com a presença do ex-vereador de Canoas, Cebola, e do líder comunitário André Omorixá, morador da ocupação.
Com mais de 2 mil famílias, algumas das quais vivendo na região há 20 anos, a ocupação Justo luta para manter o direito à moradia digna e garantir infraestrutura adequada a seus moradores. “Como coordenadora da Frente Parlamentar em Defesa da Moradia Digna, tenho trabalhado junto com as comunidades para fortalecer essa luta, porque além de casa as comunidades precisam de escolas, creches, posto de saúde, saneamento adequado e regularização do fornecimento de água e luz”, disse a deputada.
A reunião contou com a presença de muitos integrantes da comunidade que são praticantes das religiões de matriz africana, especialmente aqueles que ocupam a função de tamboreiros nos rituais. André Omorixá é um deles e tomou a iniciativa de convidar os colegas para o encontro após conhecer o projeto de lei de Luciana Genro que cria o Dia Estadual do Tamboreiro no Rio Grande do Sul.
A data seria celebrada em 15 de setembro, caso o PL 340/2021 seja aprovado, e também inclui outras nomenclaturas para a função de tamboreiro, como Alabê, do Ogã e do Tata. “Ter no calendário do Rio Grande do Sul um dia para homenagear os tamboreiros é, além de uma forma de valorizar a cultura dos povos tradicionais, uma forma de combater a intolerância religiosa, e meu mandato é um parceiro dessa luta”, explicou Luciana Genro.
André Omorixá convidou a deputada para uma festa em homenagem aos tamboreiros da cidade, a ser realizada no dia 27 de agosto. Durante a reunião, Luciana Genro distribuiu aos presentes a Cartilha do Povo de Terreiro, uma publicação do seu mandato que contém informações sobre as religiões de matriz africana, os orixás e um glossário de termos utilizados nos rituais. “É uma ferramenta para combater o preconceito e divulgar informações sobre esses cultos tão tradicionais no nosso país. Essa cartilha foi construída junto com muitos pais e mães de santo”, disse.
O ex-vereador Cebola, adepto às religiões de matriz africana, falou sobre a importância de apoiar a luta dos povos de terreiro em meio à intolerância e ao racismo que atinge essa comunidade. “Estarmos aqui num sábado à noite reunidos para falar sobre política é ter a consciência de que só a nossa luta e organização nos terreiros, nas ocupações e nas comunidades pode fazer a diferença na vida do povo”, completou.