Por solicitação da Luciana Genro (PSOL), representantes dos metalúrgicos da Gerdau de Charqueadas relataram na Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa a situação que vêm enfrentando nos últimos 20 dias. Eles lutam contra a proposta de turno fixo implantada pela empresa, que reduz a remuneração dos trabalhadores em até 35%. Sete integrantes do sindicato dos metalúrgicos (Sindimetal) ocupam a fábrica em uma tentativa de sensibilizar a empresa, que respondeu proibindo o acesso dos sindicalistas a comida, água e locais para se sentar.
O presidente do Sindimetal Charqueadas, Jorge Luiz de Carvalho, explicou que desde 1974 havia um regime de revezamento de turnos, que “permitia uma remuneração razoável e um sistema de folgas em que eles tinham vida social e familiar”. Porém, com a recente mudança para o regime fixo de turnos, há uma redução abrupta dos salários e prejuízo à vida social e familiar. “Os trabalhadores começaram a ficar depressivos, estão se automedicando. Não estamos conseguindo sensibilizar a Gerdau da gravidade do problema. Estamos aqui há 20 dias já, 24 horas por dia, numa situação dificílima. Os trabalhadores são proibidos de falar comigo e com os diretores do sindicato, já chegaram a proibir de acessar os próprios celulares”, relatou José Luís.
Um trabalhador que não integra o sindicato também se manifestou na Comissão, sem se identificar para não correr o risco de sofrer represálias. “Os problemas no chão de fábrica são inúmeros em relação à saúde. O pessoal está fazendo uso de remédios de tarja preta para conseguir lidar com a pressão psicológica, é um assédio moral muito grande. Não temos como nos defender, a não ser nosso sindicato, mas nós como trabalhadores não podemos nos manifestar porque corremos o risco de ser demitidos. Fica muito difícil um ambiente de trabalho nessas condições. E se não tivesse essa luta do sindicato, provavelmente a situação seria ainda pior”, colocou.
A deputada Luciana Genro esteve na Gerdau apoiando a luta dos metalúrgicos no último dia 22 e avalia que a atuação da Comissão é fundamental para garantir os direitos dos trabalhadores. “Sugiro que a nossa comissão peça esclarecimentos e peça um tratamento digno aos trabalhadores, que a Gerdau cesse essas ameaças, essas pressões, para que possam ter um ambiente minimamente saudável na empresa. E que os trabalhadores possam lutar, se organizar para defender seus direitos. É o mínimo que se espera de uma empresa como a Gerdau, que se diz uma defensora do Estado democrático de direito, mas que na prática, dentro da sua fábrica, atua como se nós vivêssemos numa ditadura, numa sociedade sem liberdade democrática”, expressou.
A Comissão irá enviar um requerimento de esclarecimento para a direção da empresa, para se manifestarem diante das denúncias, e os deputados cogitam encaminhar ofício também para o Ministério Público do Trabalho caso seja necessário.
Deputada Luciana Genro esteve na Gerdau no último dia 22 apoiando a luta dos metalúrgicos.