O cineasta Jeferson Silva Brum denunciou à Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa uma situação de racismo que afirma ter sofrido dentro do Rua da Praia Shopping, em Porto Alegre. Ele foi levado à Comissão nesta quarta-feira (18) pela deputada Luciana Genro (PSOL) após ter buscado apoio do mandato diante do caso.
Jeferson denuncia que no dia 12 de agosto estava no banheiro do shopping quando um homem teria se identificado como segurança e exigido informações pessoais suas. “Enquanto eu lavava as mãos fui abordado por um homem que se apresentou como segurança. Eu pedi por uma identificação que nunca me foi dada e como resposta tive contra mim o saque de uma arma. Respondi as perguntas de costas para a parede enquanto eu era interrogado, com questões pessoais e sem nenhuma relação com minha passagem pelo shopping”, disse.
O cineasta, que é membro de um coletivo audiovisual de pessoas negras, o MacumbaLab, registrou um boletim de ocorrência. “Ele não apresentou nenhuma justificativa para tal atitude e nem teria. Abordar com truculência e de forma ameaçadora um cliente do shopping não deveria ser uma função de um segurança. Sabendo que o racismo é estrutural, posso afirmar que o problema foi por estar em um ambiente que me acusa, criminaliza e julga”, comentou.
Advogada de Jeferson, Luana Pereira relata que o shopping negou a solicitação feita de acesso às imagens de circuito interno. A nota emitida pelo shopping informa que o segurança seria colaborador das Lojas Lebes. Ela também disse nem o shopping, nem a loja entraram mais em contato com Jeferson ou prestaram qualquer auxílio à vítima.
De acordo com Luana, a delegacia responsável não está investigando o caso pelo viés racial. “O que foi informado pela delegacia é que a investigação vem sendo pelo crime de ameaça, com um potencial ofensivo menor. A delegacia informou que a questão racial não vem sendo considerada na perspectiva da criminalização”, explicou.
Para a deputada Luciana Genro, o que aconteceu com Jeferson está inserido na lógica estruturalmente racista da nossa sociedade. “O constrangimento que o Jeferson sofreu é inaceitável. É evidente que tem a ver com o racismo estrutural na nossa sociedade, ele não teria vivenciado isso se fosse um homem branco”, pontuou.
Luciana propôs que a Comissão acompanhe o caso e cobre explicações do shopping e das Lojas Lebes, solicitando também a liberação das imagens das câmeras de segurança.