Na última quinta-feira (24) a deputada estadual Luciana Genro, junto da sua assessora Cris Machado, esteve com as mulheres que constroem o projeto Adinkras, A Força da Ancestralidade Africana na Cultura na Restinga. O projeto é executado através da fundação Marcopolo e do Edital Criação e Formação Sobre a Diversidade das Culturas com recursos da Lei Aldir Blanc e acontece no bairro em parceria com a Emancipa Restinga.
Os encontros reúnem mulheres da comunidade presencialmente, agora em número reduzido em função dos cuidados sanitários exigidos pela pandemia, e em breve oferecerá aulas online para os interessados em adquirir conhecimento sobre Adinkras.
A deputada Luciana Genro se comprometeu a doar uma máquina de costura para facilitar seu trabalho. “Fiquei encantada com a proposta dessas mulheres fortes. É através de projetos como esse que as mulheres se fortalecem como coletivo, projetando esses conhecimentos adquiridos para uma prática diária comunitária e antirracista,” elogiou.
A idealizadora e coordenadora, Lisbet dos Santos Pinheiro, explica que Adinkras se refere a uma simbologia ancestral africana que, para além de símbolos, se refere a códigos de valores permeados na arte, na cultura e na vida de uma forma geral. Conta que o projeto é baseado em três pilares: o estudo destes símbolos, a economia solidária e a arte/cultura. Lisbet relata que dentre os produtos confeccionados e comercializados pelo grupo estão as afrobags, sacolas ecológicas criadas para substituir a utilização das tradicionais sacolas de plástico.
“Através destes valores de cooperativismo, ecologia, comércio justo, buscamos entender e trabalhar, como podemos ter uma qualidade melhor de vida. As afrobags são feitas pelas participantes com carimbos destes símbolos Adinkras,” conta Lisbet.
Futuramente a Casa Emancipa Restinga vai organizar uma feira para expor o trabalho desenvolvido pelas participantes. Cris Machado, coordenadora do Emancipa Restinga, lembra que a Lisbet já é parceira de muitos projetos abertos à comunidade, que tem uma forte ligação com a cultura africanista. Lembra que entre tantas atividades oferecidas pela ONG, nessa mesma linha, o Alagbê Maurício Barreto de Xapanã oferece aulas de instrumentos de percussão da religião de matriz africana. “Essas atividades realizadas servem não somente para pensar formas de geração de renda através de trabalhos manuais, como para refletir sobre a ancestralidade,” afirma Cris.
Para a estudante Helena Moreira, uma das participantes da oficina, essa é uma oportunidade de a comunidade obter conhecimento sobre suas raízes, a história de seus antepassados que vieram da África e muitas coisas que se perderam pelo caminho de forma proposital pela colonização. Acredita que esse projeto é uma grande troca de conhecimentos que serve para resgatar o saber das simbologias e da escrita, discutir a africanidade e ser negro no Brasil hoje, além de apresentar uma forma de produção de renda que não seja puramente comercial, mas tenha um significado.