Por Luciana Genro
Bolsonaro se elegeu prometendo 15 ministérios e agora já são 22. Haja espaço para acomodar tantos apadrinhados na Esplanada. Eu, pessoalmente, considero que este debate em torno do número de ministérios é irrelevante. O que importa é a composição, os recursos que cada pasta terá e as políticas que executará. Mas quem votou em Bolsonaro esperava um enxugamento que não ocorreu conforme o prometido. Com certeza não será a única promessa descumprida.
Uma das notícias mais graves é a confirmação do fim do Ministério do Trabalho, que será fatiado entre a Economia, a Cidadania e a Justiça. É a prova de que Bolsonaro não está preocupado em garantir os direitos trabalhistas e sim os interesses das empresas, que sempre fizeram lobby contra o Ministério do Trabalho. A desculpa de que havia corrupção não cola, pois em praticamente todos os ministérios havia corrupção. E pelo jeito vai continuar havendo.
A fiscalização ao trabalho escravo, feita pelos técnicos do ministério, também está sob risco de retrocesso. A última versão da lista suja do trabalho escravo informa que 209 empregadores no país submetiam seus funcionários a condições análogas à escravidão. Deste total, 50 empresas eram integrantes novas da lista.
O Ministério do Trabalho existe há mais de 80 anos. Nem mesmo a ditadura militar que Bolsonaro tanto admira ousou extingui-lo. O retrocesso é brutal e nossa resistência nas ruas e nos parlamentos tem que estar à altura dos desafios que a situação impõe! A luta dos “coletes amarelos” na França mostrara que com mobilização é possível vencer!