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O ato “Isso é Feminicídio”, realizado nesta sexta-feira no Viaduto Otávio Rocha, em Porto Alegre, homenageou as 28 mulheres vítimas de feminicídios cometidos em apenas três meses no Rio Grande do Sul.

Organizado pela Minha Porto Alegre, o ato também pressionou o governo do Estado a aderir ao Modelo de Protocolo Latino-Americano de investigação das mortes violentas de mulheres por razões de gênero, desenvolvido pela ONU Mulheres.

Apesar de receber uma primeira sinalização do secretário de Segurança Pública, Cezar Schirmer, a organização espera desde abril a assinatura do termo e não recebeu mais nenhuma resposta do governo. Rio de Janeiro, São Paulo, Paraíba e Pernambuco foram os Estados que já assinaram o termo.

– Com a demora, nós perdemos um curso que ia ser oferecido gratuitamente pela ONU para a capacitação na investigação destes crimes – ressalta Carolina Soares, a Sosô , uma das coordenadoras da Minha Porto Alegre.

Os 28 balões onde estavam escritos os nomes das cidades das vítimas foram levados até a Secretaria da Segurança Pública como forma de pressionar o Estado a dar uma resposta. Desde janeiro, por causa de outra mobilização da Minha Porto Alegre, o termo feminicídio começou a ser adotado nos boletins de ocorrência de crimes no Estado.

A presidente da Emancipa Mulher, Luciana Genro, a vereadora Fernanda Melchionna e Carla Zanella Souza, cientista social, professora e militante do Juntos Negras e Negros, estiveram presentes no ato. Carla alertou para a discriminação das mortes das mulheres negras, casos muitas vezes investigados e tipificados com a ligação com tráfico de drogas.

No país, 13 mulheres são mortas por dia, segundo os dados do Atlas da Violência, divulgados na semana passada. Em média, uma mulher é morta a cada dois dias no Estado. O número faz com que o RS se mantenha entre as quinze primeiras posições do levantamento dos Estados com os maiores registros de assassinatos de mulheres desde 2015.

De 2006 a 2016, somente no RS, houve um aumento de 90,1% nos registros dos assassinatos de mulheres. No caso das mulheres negras, houve uma alta de 15,4% em todo o país. Para os pesquisadores do Atlas, antes de serem mortas, as mulheres já passaram por diferentes situações de violência e se tivessem uma rede de apoio adequada, as mortes poderiam ter ser evitadas.

É preciso coragem, apoio e proteção para sair de uma situação de violência. Muitas vezes as mulheres são encorajadas a denunciar a violência a partir de um ato, de uma palestra, de uma conversa, de uma leitura sobre a realidade de outras mulheres. Em 2017, Luciana Genro criou a Emancipa Mulher, uma escola de formação feminista e resistência antirracista que oferece cursos gratuitos no Rio Grande do Sul, permitindo que a educação e o apoio entre mulheres sejam base para o confronto à violência.

Entre em contato conosco e ajude a organizar uma atividade de formação feminista na sua cidade.