O Uber é uma realidade no Brasil e precisa de regulamentação em Porto Alegre para não atuar à margem da lei. Esta foi a posição apresentada pela candidata a prefeita, Luciana Genro, em sabatina promovida pelo Sindicato dos Taxistas na tarde desta segunda-feira (29/08). “Não posso, como candidata que não dialoga só com esta categoria, mas com toda cidade, me negar a encarar essa realidade”. Acompanhada do vice, Pedro Ruas e da vereadora Fernanda Melchionna e do candidato a vereador, Arilton Cardoso, Luciana ainda enfatizou que aplicativos de transporte não podem fazer concorrência predatória e gozar de qualquer privilégio em relação a táxis, seja com relação a fiscalização ou pagamento de impostos.
Durante o encontro os taxistas apresentaram questionamentos sobre problemas enfrentados na atual gestão da prefeitura. Um dos casos citados foi a implantação do monitoramento da frota por GPS. Os permissionários têm pago quase R$ 100 por mês, mas o rastreamento não acontece. Para Luciana, esse não é um caso isolado. “Vimos o descontrole no DEP e na FASC, onde aconteceram coisas muito parecidas. O serviço é terceirizado e ninguém fiscaliza a execução. O taxista sabe que quando chove a cidade alaga e agora sabemos o porquê: nos cobravam a limpeza dos boeiros, mas ela não acontecia”.
Quanto à continuidade da EPTC, Luciana garantiu a manutenção do órgão, mas defendeu uma redefinição de sua atuação. “Não vou acabar com a EPTC, embora seja muito cara e receba o dobro do orçamento da Segurança. E como é deficitária há essa pressão sobre agentes para que arrecadem. Mas um quadro de servidores tão qualificado não pode ficar exclusivamente voltado a aplicar multa, isso pode ser feito também a partir da tecnologia e sem presença física dos agentes”, disse. Ela ainda citou as propostas para integrar a EPTC num sistema de segurança viária interligado com Guarda Municipal e Brigada Militar. “Oferecer segurança para pessoas nas vias públicas deve ser o principal compromisso da EPTC, em todos os sentidos”, concluiu.
Questionada sobre como reduzir os congestionamentos, apontou que não existe solução mágica e imediata. Para minimizar o problema, Luciana defendeu uma inversão na política de financiamento para o transporte, hoje voltada a compra de automóveis em detrimento da qualificação do transporte público. “Os ônibus estão cada vez mais caros e de qualidade duvidosa”. Quanto ao rodízio de placas e o uso de corredores por táxis, Luciana considerou hipóteses válidas a serem discutidas.
O presidente do Sintáxi, Luiz Nozari, afirmou que há uma precarização completa das relações de trabalho a partir da chegada do Uber. “Se não houver regulamentação e equilíbrio, não teremos profissionais taxistas e sim, pessoas que fazem um bico”. Ele ainda apostou na forte chance de Luciana ser eleita e avisou que a categoria vai participar ativamente do governo. “Temos a possibilidade de mudança efetiva. Então a partir de janeiro, as respostas serão cobradas da senhora”, finalizou.