Por Luciana Genro
Tem gente que acredita em qualquer bobagem que lê na internet e há até mesmo quem confunda piadas com histórias reais. Pois um piadista de direita inventou uma história sobre um suposto debate em que eu teria manifestado apoio ao ditador da Coreia do norte, Kim Jong- un. No início nem dei importância, mas quando um conhecido meu, uma pessoa muito bem intencionada, me perguntou se era verdade percebi que realmente não dá para deixar nem uma piada idiota sem resposta.
Quem apoia o ditador da Coreia do norte é o PCdoB, partido da Jandira Feghalli, da Manuela Dávila, do Aldo Rebelo. O PSOL e eu não temos nada com isso. Não me confundam com estas experiência ditas socialistas.
Mas atenção, não é porque estas fracassaram que o socialismo perdeu atualidade. O grande fracasso é do capitalismo que foi implantado no mundo todo e não garantiu o bem estar da maioria da população. No mundo capitalista, 80 bilionários detém riqueza equivalente ao que possui 50% da população mundial. Que sistema bom é esse no qual 40% da população mundial não tem nem sequer saneamento básico? Segundo dados da ONU, aproximadamente 1,5 milhão de crianças morrem ao ano no mundo em conseqüência da carência de água potável, saneamento ambiental adequado e condições higiênicas saudáveis. Estima-se que cerca de 42 mil pessoas morram semanalmente devido a doenças relacionadas com a qualidade ruim da água que consomem e por falta de saneamento ambiental adequado. Isso é um sucesso, por acaso?
O PSOL colocou no seu nome “socialismo e liberdade” justamente para afirmar que para nós só há socialismo se há liberdade e que também só há liberdade de fato se nos libertarmos das opressões e da exploração. Mas eu sempre digo que o nome é o que menos importa. A questão é que precisamos construir um novo modelo político e econômico. No político, com democracia real e não este simulacro que vivemos hoje, no qual as eleições são um grande teatro. Um modelo no qual o povo de fato governe, e não as castas políticas encasteladas no poder e sem nenhuma conexão com os problemas da maioria. E no econômico precisamos de um modelo que não coloque o lucro acima da vida e do bem estar das pessoas. Um sistema que garanta moradia, saúde, educação, cultura para todos e todas, que termine com a opressão às mulheres, aos negros, aos LGBTs. Um modelo em que os bancos e o mercado financeiro não ditem as regras e não fiquem com o nosso dinheiro enquanto o povo paga a conta da crise, como estamos vendo hoje acontecer no Brasil, nos Estados Unidos, na Europa.
Mas não sou eu quem vai decidir como vai ser este novo modelo. Ele vai ser construído na própria luta, e vai ser libertário, com certeza.