(palavra de ordem da militância) “A radical voltou, a radical voltou, a radical voltou oooô”
Uma correção nesta palavra de ordem, sobre a radical que voltou, porque eu não voltei, porque nunca fui, eu sempre estive aqui.
(palavra de ordem da militância) “A radical chegou, a radical chegou, a radical chegou oooô”
Eu não poderia começar sem antes agradecer, a oportunidade de junto contigo Randolfe, compor essa chapa e ajudar a construir essa síntese do PSOL, que é a nossa chapa Randolfe e Luciana. Mas que é mais que a chapa Randolfe e Luciana, porque a síntese do PSOL é essa diversidade, de quadros políticos, de militantes sociais, de lutadores que não temem enfrentar os piores desafios, e os mais belos desafios para defender uma ideia, pra defender a política como instrumento de transformação e não como um balcão de negócios.
E esse processo de construção de uma síntese do PSOL, de construirmos a unidade na diversidade, é muito importante neste momento político histórico que nós vivemos. Vocês se lembram dessa frase, “um espectro ronda a Europa, o espectro do comunismo”, se o Marx e Engels, fossem escrever de novo o Manifesto Comunista nos dias de hoje, isso que eu vou dizer agora não é de minha autoria, é do Bauman, disse o Bauman assim, se eles fossem escrever de novo eles escreveriam assim: “o espectro ronda o mundo, o espectro da indignação”, e eu não tenho dúvida que o espectro da indignação ronda o mundo. As revoluções no mundo árabe, as grandes mobilizações na Espanha, na Grécia, em Portugal, occupy nos Estados Unidos, e chegou no Brasil.
Junho trouxe para o Brasil a indignação, ou melhor, junho eclodiu no Brasil a indignação que já havia eclodido em tantos outros lugares do mundo, e junho foi um acontecimento, pra nós, para o PSOL, um acontecimento extremamente importante, ao qual nós devemos fidelidade. E o que é ser fiel a junho? Ser fiel a junho é, defender, aproveitar todas as oportunidades que a gente tem, para defender as bandeiras de junho. E aqui eu quero trazer um pensamento do Sartre, que eu acho que é muito útil para esse momento, que ele disse assim, em uma entrevista lá em 1964: as posições de esquerda justamente por serem posições que vão contra o que se pretende inculcar na cabeça das pessoas, de toda a sociedade, elas são muitas vezes consideradas escandalosas. E diz o Sartre então, nós não devemos buscar o escândalo, porque isso é ridículo, ineficaz, mas nós também não podemos temer o escândalo. E as posições de esquerda consequentes, e ser fiel as bandeiras de junho, é não temer o escândalo, porque para a classe dominante, é um escândalo nós defendermos a auditoria e suspensão do pagamento da dívida pública, é um escândalo afrontar os mercados, é um escândalo defender o imposto sobre as grandes fortunas, e dizer que é possível sim, fazer a taifa zero, e ter a saúde e a educação, padrão FIFA, cobrando mais dos ricos, do 1% que suga o sangue e o suor dos 99%, da nossa sociedade.
É um escândalo que nós não tememos, defender, como tem feito o Jean, e vários dos nossos dirigentes parlamentares lutadores, o casamento igualitário, o aborto, não nos calar com a hipocrisia da criminalização do aborto, quando a gente sabe que as mulheres que tem dinheiro, fazem aborto com segurança, e as pobres morrem perfuradas com agulhas de tricô, é não temer o escândalo de defender a descriminalização da maconha, porque nós não aceitamos a criminalização da pobreza, porque nós não aceitamos que siga se encarcerando, milhões de jovens negros, pobres, para que os grandes traficantes sigam lucrando, as custas da miséria alheia.
Nós não tememos o escândalo, pra defender a necessidade de se construir uma nova ordem, porque junho mostrou que nós necessitamos de uma nova ordem, que esse sistema, que esse regime político, não representa, não nos representa, não representa os milhares de jovens que foram as ruas em junho, que é preciso uma verdadeira transformação, nas estruturas de representação política do nosso país.
O PSOL tem a obrigação nesse processo eleitoral, e eu não tenho dúvida Randolfe, de que tu como nosso candidato, vai ser a expressão fiel desta necessidade, da necessidade de nós construirmos um partido que não é socialista só no nome, de um partido que sabe que nós não vamos conquistar o socialismo em um processo eleitoral, até porque não se faz socialismo pela via eleitoral, mas que se faz sim, que se pode fazer sim, um processo de acumulação de forças, com medidas de transição que enfrentem verdadeiramente os interesses do capital, que medidas de transição verdadeiramente apontem na necessidade de se se acabar com a exploração da classe trabalhadora, de se acabar com a lógica da mercadoria se sobrepondo ao interesses da humanidade.
(…) e a luta contra essa lógica, vai permear a nossa batalha eleitoral, mostrando que é preciso enfrentar os interesses deste sistema, e mostrando que é preciso enfrentar os interesses deste regime político, desta democracia burguesa degenerada, onde a política é um balcão de negócios, onde as instituições apodrecidas não representam os interesses do povo, e só são permeáveis as reivindicações do povo, quando o povo vai às ruas e se mobiliza.
Ee é isso que nós vamos dizer aos brasileiros, que é possível sim, fazer as transformações que o povo reivindicou ao longo do mês de junho, e que segue reivindicando agora. Junho foi uma fratura neste regime, junho foi um momento de ruptura onde ficou claro que o PT já não controla mais a classe trabalhadora e a juventude, e essa foi a primeira mobilização em muito tempo, que não é controlada pelos partidos tradicionais que não é controlada pela esquerda tradicional, que já não é mais esquerda porque se rendeu, e isso é de uma importância impar.
Se junho teve deficiências por falta de uma direção, e teve deficiências por falta de uma direção, por falta de uma referência política que pudesse organizar essa indignação, mas teve esse grande mérito de mostrar que as forças populares estão livres dos grilhões, livres dos grilhões da institucionalidade tradicional, que foi renegada. Por isso, quando os jovens diziam não aos partidos, nós entendíamos que eles estavam negando esses partidos tradicionais. E o nosso grande desafio é mostrar que o PSOL é diferente, que não adianta a gente só dizer que é diferente, a gente vai ter que mostrar que a gente é diferente, as nossas histórias mostram um pouco disso. A história do Randolfe mostra que ele não se vendeu ao sarneisismo do Amapá, a história de cada um que está aqui hoje, do Marcelo Freixo que tem a sua vida ameaçada pelos milicianos e, é obrigado a andar permanentemente com seguranças, mostra que a gente não se rendeu.
E isso significa que nós temos as condições de empalmar com esse processo de indignação, de capitalizar na construção de um projeto político novo, esse processo de indignação. Por isso, que eles nos atacam, e nós não temos medo do escândalo de dizer, que a rede globo é o maior partido do sistema, e é por isso que atacou Marcelo Freixo. Para defender o sistema eles precisam atacar as mobilizações, eles precisam atacar o PSOL, eles precisam atacar as expressões públicas do PSOL, como é Marcelo Freixo no Rio de Janeiro.
Então nós temos uma grande oportunidade nas mãos neste processo eleitoral, e o desafio de conseguir fazer com que o povo brasileiro, olhe para o PSOL, veja o PSOL. Por que, Dilma pode estar na frente nas pesquisas, mas eu tenho a absoluta certeza, de que ela não está na frente no coração das pessoas que querem mudança, como uma vez o PT já esteve. Não está mais, o PT está de costas para o futuro. Aécio nem se fala, Eduardo Campos junto com Marina, não passa de mais do mesmo, não passam de uma repetição enfadonha da mesma ladainha, e da mesma competição, pra ver quem mais agrada os mercados e o capital financeiro, quem é mais eficiente na aplicação do tripé de interesses dos mercados financeiros.
Por isso, que o nosso desafio, que eu espero que possamos construir junto com o PSTU e o PCB, a Frente de Esquerda, é ser o partido que vai mostrar, que existe um outro caminho, que existe uma outra possibilidade, que não é um mero sonho utópico, que é uma utopia concreta, que é uma utopia no sentido de que são possibilidades reais, que não foram realizadas, mas que estão latentes, e que podem se realizar, e dependem não só de nós, dependem mais do que tudo, da luta do nosso povo.
E junho, mostrou que essa luta está acontecendo, segue acontecendo, agora não mais como em junho, mas com um junho das categorias, como um junho das escolas, das universidades, como nós tivemos em Porto Alegre na greve dos rodoviários, como tivemos tantas outras lutas que se espalharam por aí, como a própria luta para que fosse esclarecido o crime cometido contra o Amarildo, e na pessoa dele milhares de jovens negros, e pobres que são assassinados pela polícia diariamente no nosso país, onde há sim pena de morte, para negros e pobres das favelas.
Então, nós temos um grande desafio nas nossas mãos, e eu acredito que nós temos plenas condições de nos apresentar como esse partido, que quer organizar a indignação, que quer mostrar para o Brasil, que é possível romper com o capital financeiro, que possível fazer com que os ricos paguem mais, que é possível construir um processo de luta do nosso povo, que resgate a dignidade daqueles que são explorados e oprimidos. E pra isso nós precisamos mais do que tudo, de vocês.
Eu, e o Randolfe, seremos apenas a ponta de lança deste processo, porque é cada um de vocês, a militância do PSOL, que vai começar, que já começou, que nunca saiu das ruas, e que vai começar agora o nosso processo de debate do nosso programa de governo, e que vai iniciar a nossa campanha eleitoral nos próximos meses, pra mostrar que nós temos condições de construir um outro Brasil, um Brasil que seja voltado para os interesses da grande maioria, e não, para as elites que dominam e que sufocam o nosso povo. Então, nós contamos com vocês nessa enorme tarefa da qual eu tenho muito orgulho de ser parte, e de assumir ao lado do Randolfe, como vice do Randolfe, essa tarefa de ser a porta voz junto com ele, da nossa luta e das nossas propostas para mudar o Brasil.
Muito Obrigada
(Transcrição da fala no ato de lançamento da chapa Randolfe/Luciana, 24 de fevereiro de 2014)