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Com a pré-candidata a Presidente Luciana Genro e reunindo Vladimir Safatle, Plínio Sampaio e Carlos Giannazi, atividade faz balanço crítico dos 10 anos do PT no poder

Por Mariana Riscali*

No dia internacional dos trabalhadores, logo em seguida ao ato unitário da esquerda na Praça da Sé, o Movimento da Esquerda Socialista (MES, corrente interna do PSOL) organizou um ato político para discutir a realidade brasileira e os desafios das lutas dos trabalhadores. Contando com ampla participação de militantes de diversas correntes do PSOL e de simpatizantes e militantes da esquerda, o ato teve como tônica a crítica à década do PT no governo e também a necessidade de construir com o PSOL uma verdadeira alternativa socialista para o povo, nas lutas e nas eleições de 2014.

461264_562709187107320_1872998748_oA mesa contou com Plínio de Arruda Sampaio, Carlos Giannazi, Vladimir Saflate e Luciana Genro. A abertura ficou a cargo de Mariana Riscali, Secretaria Geral do PSOL de São Paulo e Mauricio Costa, Presidente do Diretório Municipal do PSOL. O plenário ficou lotado, com muitas pessoas em pé, num publico estimado em cerca de 280 presentes. Antes das falas, o professor e poeta Silvio Prado declamou um cordel em homenagem ao 1º de Maio, seus mártires e heróis anônimos. Maurício Costa agradeceu a presença de todos.

O Deputado Carlos Giannazi destacou a importância da luta cotidiana, das greves em curso, no contexto da crise internacional do capitalismo. Plínio, muito aplaudido quando anunciado, relembrou seu embate contra o projeto de Dilma e Marina na última eleição presidencial. Também reafirmou a necessidade do PSOL ter uma candidatura própria à Presidência da República e disse que estaria engajado “de corpo e alma” para que a candidata fosse Luciana Genro.

901170_562709260440646_649848169_oO grande destaque foi a intervenção do professor de Filosofia, escritor e colunista da Folha de São Paulo, Vladimir Safatle. Ressaltando que o momento histórico era favorável, Safatle apontou o fim do ciclo de 10 anos do lulismo, abrindo espaço para as ideias socialistas democráticas e igualitárias. Sua fala contundente desfez a frágil propaganda ideológica do governo e mostrou os limites para uma ascensão social real. Colocou que a verdadeira agenda da universalização de direitos essenciais como a Educação e a Saúde não está na agenda dos partidos tradicionais, que costuram suas alianças orientados por um pragmatismo sem projeto, carente de ideias. O processo de mudança – de transformações reais – que o Brasil tanto necessita só pode ser levado a cabo por uma alternativa real: que não tenha medo de dizer seu nome, de ser socialista.

905228_562709287107310_559180588_oLuciana Genro, agradeceu a presença expressiva de lideranças, militantes e intelectuais na atividade. Retomou a ideia de que faziam 10 anos da chegada do PT ao poder, também 10 anos da luta para construção de uma alternativa superadora da experiência petista, a partir da fundação do PSOL. A situação política internacional, marcada pela crise e ataque aos trabalhadores, exige tenacidade e amplitude para os setores de esquerda. É necessário combinar a luta institucional com a luta direta das ruas, afirmou Luciana. O bom exemplo do Syriza – Partido da Esquerda Radical na Grécia nos alenta. No Brasil, apesar da propaganda de Dilma e do PT em relação à estabilidade, as novas lutas sociais e por direitos tem aparecido com força na cena política: a luta dos indígenas que ocuparam o congresso, as passeatas pelo Fora Feliciano, a rebelião da juventude gaúcha contra o aumento do transporte público. Em todas estas lutas, a marca patente foi a presença do PSOL. Seja com Jean Wyllys no movimento LGBT, com os vereadores Pedro Ruas e Fernanda Melchionna na ação que derrubou o preço da tarifa de Porto Alegre, com as filiações de Sonia Guajajara, liderança indígena do Maranhão, Daciolo líder bombeiro do Rio, dezenas de ativistas do MST das regiões norte e nordeste – especialmente no Rio Grande do Norte, em parceria com o vereador Sandro Pimentel. São tempos interessantes, definiu Luciana ao final de sua fala.

A composição do plenário foi tão rica quanto a da mesa de debatedores. Intelectuais do porte de Lucio Gregori (ex-secretário de transportes do governo de Erundina), Damião Trindade (procurador do Ministério Público paulista), Silvio Luiz Almeida (principal referência na luta pelas cotas, presidente do Instituto Luiz Gama) mostrou o espaço para o pensamento social crítico.

As lutas em curso também foram o destaque: falaram professores e lideranças das greves. Expressivas delegações da APEOSP de Taubaté, Franco da Rocha, Zona Sul de São Paulo, Itapevi, Piracicaba, São Bernardo, entre outros. Também estavam presentes dirigentes da Oposição de Correios de São Paulo e do Vale do Paraíba, militantes bancários, comerciários, trabalhadores da USP, metalúrgicos, químicos, agentes penitenciários.

472867_562709220440650_1417966624_oO movimento popular foi representado por dirigentes de ocupações, por membros de associações de moradores como Cocaia, Fernando Bike e Raimundo Sena do Vargem Grande, Jota de Campinas. A juventude falou com Emancipa, Juntos nas Escolas, onde os secundaristas de vários grêmios estudantis estão organizando em âmbito estadual a campanha “Juntos pela Escola que queremos”. Thiago Aguiar, falou pela Oposição de Esquerda na UNE anunciando os bons resultados que os setores combativos vem tendo nas eleições para os delegados do próximo congresso estudantil.

Várias organizações e correntes fizeram uso da palavra: a CST, representada por Nancy Galvão falou da necessidade do PSOL apresentar uma candidatura que rejeite alianças espúrias e expresse a luta dos trabalhadores; Leandro Recife falou pela TLS, expressando o lugar que a prefeitura de Itaocara tem no embate simbólico e político, e da importância da figura de Luciana para o debate da conjuntura; Pela LSR, Marcus Kolbrunner resgatou os ciclos da esquerda, que há um reencontro entre muitos setores, dez anos após as primeiras iniciativas para fundar um novo partido de esquerda no Brasil; a APS, com Pedro Paulo, destacou a importância da reconstrução de ferramentas de luta, vez que a CUT e o PT abandoaram seu papel, arduamente construído no Ascenso social dos anos oitenta; Beto do ECOSOL resgatou a necessidade de construir uma pauta ambiental e democrática cotidiana, para fazer contraponto aos projetos ecocapitalistas. Foram registradas as presenças de membros de diretórios e militantes de mais de 30 cidades de São Paulo. Foi referido também o militante operário, Victor Pietrucci, ativistas das greves nos anos 60, com quase 50 anos de luta, militante do MES de Campinas.

O debate mostrou a vitalidade do projeto do PSOL e o anseio pela discussão de uma pauta anticapitalista e de esquerda. Foi um encontro de gerações: uma platéia de muitos jovens e ao mesmo tempo, experimentados lutadores sociais.

Ao contrário das atividades da CUT e da Força Sindical – sem nenhum conteúdo político, apenas shows, sorteios de brindes e discursos de políticos tradicionais da direita e do governo – nosso ato buscou resgatar a necessidade das bandeiras de luta da classe trabalhadora.

*Secretária Geral do PSOL São Paulo