O resultado eleitoral na Grécia serviu para acalmar os mercados. Mas é uma calma relativa, instável e temporária. Um dogma foi quebrado, ficando claro que existe uma alternativa à esquerda.
O resultado obtido pela Syriza foi extraordinário: 26,9%. Uma força política que em 2004 tinha pouco mais de 4%, credenciou-se como uma alternativa real de poder. O possível governo de unidade entre o PASOK, o maior derrotado, e a Nova Democracia, por pequena margem a mais votada, terá de enfrentar uma oposição forte. A Syriza é a força política que mais cresceu, e seguirá crescendo pois sua postura firme contra a tutela da Troika faz dela uma força popular que seguirá sendo a única alternativa de governo para resgatar a Grécia das garras do capital financeiro. E mais uma vez a Syriza mostrou esta firmeza ao anunciar de imediato sua recusa a formar um governo com os conservadores e socialistas. A pressão de Merkel e cia para o cumprimento do memorandum se intensifica.
O governo que for formado já iniciará contra as cordas, pressionado pela Troika por um lado e por outro pelo povo grego, cuja disposição de luta ficou clara na votação obtida pela Syriza. Por hora a batalha eleitoral terminou. No Parlamento, com 26,9% das cadeiras, a Syriza será uma importantíssima força de resistência à continuidade do ajuste. Mas com certeza é nas ruas que o futuro da Grécia será decidido. Luciana Genro esteve na Grécia acompanhando o processo eleitoral e dando apoio a Syriza, Coalizão da Esquerda Radical, em maio desse ano.
Em palestra na Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, dias antes das eleições, Luciana já colocava a Syriza como uma alternativa real de poder.