Neste domingo participei da reunião do comitê central do Synaspismos, o partido que lidera a coalizão Syriza. A reunião foi realizada em um hotel no centro de Atenas, e teve o seu início aberto a participação da imprensa. Quando cheguei, já pude sentir o clima de vitória que ronda a Syriza, pois a imprensa de todo o país – e de boa parte do mundo – estava presente. A chegada de Alexis Tsipras, possível futuro Primeiro Ministro,foi o momento de furor. Rodeada pela imprensa, tive a oportunidade de cumprimentá-lo e entregar a ele uma bandeira do PSOL. Seu discurso durou cerca de 30 minutos, que passaram num piscar de olhos, tamanho o seu magnetismo e interação com o público. Eu, obviamente, não entendo uma palavra de grego, mas com a ajuda de um tradutor para o inglês pude compreender sua mensagem. Ele fala de forma tranquila e firme, não se exalta nem por um momento, mas transmite a segurança de quem sabe que tem a responsabilidade de liderar não só um partido que pode governar a Grécia, mas um partido que pode transformar-se em um paradigma para a esquerda europeia e mundial.
Ele iniciou dizendo que a derrota dos partidos do memorandum não foi, ainda, completada. É preciso trabalhar muito, pois toda a classe dominante europeia atua para derrotar a Syriza. Uma batalha foi vencida, disse ele, mas a guerra de classes segue, e é mais dura do que nunca. A Grécia funciona hoje como um laboratório através do qual o imperialismo quer demonstrar que a esquerda não pode governar, ou que se quiser governar tem que submeter-se ao sistema. Entretanto, disse ele, as eleições levarão mais uma vez o memorandum para o lixo.
Depois da sua fala, interrompida diversas vezes por aplausos entusiasmados, eu fui chamada a falar. Levei a eles a resolução política da Direção Nacional do PSOL, a qual manifesta seu apoio integral a Syriza e faz um chamado a todas as forças de esquerda a unirem-se neste apoio. Após a minha fala a reunião foi fechada ao público, para que os dirigentes do Comitê Central pudessem debater as estratégias para a eleição do dia 17 de junho, e também alinhavarem as primeira medidas de um futuro governo da Syriza. Me senti realmente privilegiada, pois participei de um momento histórico. Mesmo que a Syriza não torne-se governo na Grécia, com certeza este país, a Europa e a esquerda não serão mais os mesmos depois da força adquirida por uma coalizão política que intitula-se da esquerda radical.
Já estou de malas prontas para retornar ao Brasil, mas meu coração de socialista revolucionária permanecerá batendo intensamente pela Grécia soberana e por seu povo livre dos grilhões do capital financeiro!