A arte de legislar
Desta vez, foi em plena luz do dia, mas a desfaçatez continua a mesma. À exceção do PSOL, todos os partidos avalizaram o aumento de R$ 10 mil nos salários dos parlamentares – um reajuste de 62%. Foi uma votação relâmpago. Pela manhã, os líderes partidários ainda discutiam o projeto quando o regime de urgência era aprovado em plenário. À tarde, não houve sequer discussão. Em três horas, o texto passou na Câmara e no Senado. Os congressistas avaliaram que era melhor apanhar de uma vez só da opinião pública do que levar bordoadas sucessivas, a cada reajuste. Assim, os salários passaram para R$ 26,7 mil, o teto do funcionalismo. Tão logo o aumento foi aprovado, um deputado comentou com um colega que está prestes a assumir uma cadeira em uma Assembleia Legislativa.
– Viu como é que se faz? Aprende para fazer assim lá na Assembleia.