ARTIGOS
Mais educação! Chega de violência!, por Neiva Lazzarotto*
Visitei a escola Ernesto Tocchetto no dia seguinte ao drama do assalto à professora. Fui prestar solidariedade e ver como ajudar nesta hora.
Conversei com a colega professora assaltada por R$ 10 dentro da própria escola, por um ex-aluno, armado com revólver. Testemunhei sua aflição. Ouvi dela que pretendia desistir da profissão, quando se encaminhava a sua médica para solicitar uma licença para se afastar da escola. Abracei-a e disse que contasse conosco, mas que permanecesse, depois da licença, porque ela é muito importante para muitos estudantes.
Desse lamentável fato, ecoam pelo menos dois gritos. O da colega professora e o do adolescente. Como em inúmeras escolas. Ambos são vítimas. Ambos clamam por soluções que venham ajudá-los a ter o suficiente para viver dignamente, a ter segurança.
Acontece que o problema da violência agravou-se tanto, que chegou à barbárie. Ainda mais dentro da escola. Sozinhos, professores, diretores, funcionários, não temos condições para enfrentá-lo. Nos sentimos impotentes e abandonados para cuidar de tantos jovens e crianças.
Urgem ações! Então, o que podem fazer sindicato, governantes, políticos, sociedade civil?
A campanha Crack, Nem Pensar cumpriu importante papel ao abrir o debate sobre as graves consequências do uso da droga sobre os jovens, as famílias, as escolas. Pois, o crack é um combustível para a violência que se generaliza e aniquila vidas.
O Cpers/Sindicato tem um congresso marcado para o final de julho do qual participarão 1,6 mil professores e funcionários das escolas públicas. Será uma boa oportunidade para decidir por ações que estejam ao nosso alcance.
Devemos começar por apresentar exigências aos governantes. Medidas para melhorar a escola pública gaúcha. Desde a adoção da escola de tempo integral e a realização de concursos públicos para educação e segurança, à recuperação de nossos salários. Até programas para promover a saúde e a segurança dos educadores e da comunidade escolar.
Isso, e outras medidas, com certeza, custam menos ao Rio Grande (4% do PIB dos Estados), e ao Brasil, que em breve poderá tornar-se a quinta potência econômica do planeta, do que as vidas que vêm sendo ceifadas. Afinal, as vidas que passam por nossas escolas, o tamanho da responsabilidade que está em nossas mãos, vale o investimento de pelo menos 10% do PIB brasileiro na educação. Ou não?
Mas isto não é suficiente, porque a violência é um problema social decorrente do modelo econômico concentrador e excludente. Então, em tempos de eleição, é preciso pautar a distribuição da riqueza para que todos possam ter vida digna. Para que celebrar “A vida é bela” ou cantar “A beleza de ser feliz” não sejam privilégio de poucos.
*Professora, vice-presidente do Cpers licenciada