PSol não crê em ”suicídio” eleitoral de Lula
A deputada federal Luciana Genro (Psol) disse ontem não acreditar na possibilidade de veto do presidente Lula à medida provisória (MP) que eleva em 7,72% as aposentadorias acima de um salário mínimo. “Será um suicídio político. O apelo popular é muito grande”. Luciana foi recepcionada ontem, no saguão do Aeroporto Salgado Filho, por mais de cem manifestantes para comemorar a aprovação da lei pelo fim do fator previdenciário.
Faixas e bandeiras lembram vitória dos aposentados
O clima era de comemoração entre os integrantes das centrais de trabalhadores que receberam, ontem à tarde, o senador Paulo Paim (PT) em seu desembarque em Porto Alegre. O político mostrava otimismo diante da proposta de reajuste de 7,7% para os aposentados que ganham acima do salário mínimo e a extinção do fator previdenciário, aprovada na terça-feira pela Câmara dos Deputados, em Brasília.
Faixas e bandeiras do PSol, Central Única dos Trabalhadores (CUT), Força Sindical, Nova Central Sindical dos Trabalhadores (NCST) e do Sindicato Nacional dos Aposentados (Sindnapi) mudaram a paisagem do Aeroporto Salgado Filho.
“Há dez anos lutamos pelo fim do fator previdenciário. Agora, com o reajuste dos apresentados, podemos cogitar que eles recobrem sua dignidade”, declarou o presidente da Força Sindical, Cláudio Janta. Ele ressaltou que acredita na aprovação da medida pelo presidente.
O secretário-geral da CUT-RS, João Batista Xavier, classificou o aumento como uma histórica conquista da classe trabalhadora. “Paim foi um lutador incansável”, afirmou. A entidade também descarta a possibilidade de veto de Lula.
O secretário-geral da NCST, Paulino Correa, acredita que o reajuste represente o “início da recuperação da classe”. Ele classificou o fim do fator previdenciário como “ponto chave” da luta sindical e não mediu palavras ao elogiar Paim. “Ele é nosso mestre, pois deu o pontapé inicial no processo, mesmo fazendo parte do partido do governo, que é contrário às medidas. É preciso coragem para tomar a iniciativa.”
Já a diretora do Sindicato Nacional dos Aposentados (Sindnapi), Bete Costa, ressaltou que a vitória não representa a reposição do que foi perdido pela categoria. “Quando me aposentei, recebia o equivalente a dez salários mínimos. Hoje esse valor caiu para 3,25 salários”, lamentou. A diretora exige que os políticos mantenham a linha de negociação com o governo federal.
Centrais comemoram o fim do fator e reajuste de 7,7%
O senador Paulo Paim (PT) e parte da bancada gaúcha na Câmara foram recebidos ontem no Aeroporto Salgado Filho, na Capital, por centenas de representantes de centrais sindicais que celebravam a aprovação, na Câmara, do reajuste de 7,7% para os aposentados e a perspectiva de derrubada do fator previdenciário. “Há dez anos perseguimos este que é o motivo do aniquilamento dos rendimentos de quem vive de aposentadoria”, declarou Paim, acompanhado dos deputados federais Luciana Genro (PSol), Beto Albuquerque (PSB), Mendes Ribeiro Filho (PMDB), Afonso Hamm (PP), Vieira da Cunha (PDT) e Ênio Bacci (PDT).
“Agora é fundamental que a população exerça o máximo de pressão sobre o Senado, seja por e-mail, Twitter ou Orkut. Quero ver a cara de pau daqueles que tiverem coragem de votar contra o aposentado.” Paim garantiu que se o pleito não se iniciar até terça-feira, começará uma vigília. Destacou ainda o papel dos deputados no reajuste. “Toda a bancada gaúcha está junta na luta.”
Luciana Genro (PSol) lembrou a importância da sociedade no acompanhamento das votações. “Precisamos estar mobilizados para evitar qualquer traição”, reforçou. “Todos os senadores do PDT votarão a favor da queda do fator previdenciário”, afirmou Vieira da Cunha. Representando o PMDB, Mendes Ribeiro Filho observou: “apenas cumprimos nossa obrigação”. Afonso Hamm (PT) optou pela aprovação do reajuste, mesmo contrariando orientações partidárias. “Quem é contra os aposentados é contra o Brasil”, avaliou.
Aprovada na Câmara, a votação volta agora para o Senado e deve ser referendada, conforme indicações de lideranças como o presidente da Casa, José Sarney (PMDB). O presidente da Câmara, Michel Temer, também acredita na manutenção da decisão. “Se as contas públicas e o orçamento permitirem, tenho certeza que o governo manterá o índice.” O presidente Lula, porém, ainda tem poder de veto. Declarações dele sobre o assunto apontariam para um possível recuo do governo.