REAÇÃO DA ESQUERDA
Posse no DCE da UFRGS é suspensa
Grupo que ficou em segundo lugar na disputa pede recontagem dos votos
Após perder uma hegemonia superior a quatro décadas, líderes da esquerda buscam formas de seguir à frente do DCE da UFRGS. Com estudantes filiados ao PSOL, a chapa da situação alega irregularidades na eleição do mês passado, pede recontagem de votos e tenta impedir a posse do grupo vencedor, marcada para as 19h de hoje.
Quem ganhou o pleito foi a chapa 3 – que tem entre seus integrantes estudantes filiados a partidos como PP, PMDB e PSDB. O Conselho de Entidades de Base, entidade soberana nesse tipo de decisão, autorizou na terça-feira a suspensão da posse.
Segundo a coordenadora-geral do DCE, Bárbara Kilpp, uma série de urnas apresentou problemas no lacre, o que afetaria a legitimidade da contagem de votos. Bárbara ainda aponta um vídeo no YouTube, que, segundo ela, mostra integrantes da chapa vencedora em uma sala onde as urnas estavam guardadas, sem a presença de membros da Comissão Eleitoral.
– Como vamos saber se não mexeram nas urnas? – pergunta a estudante, que também integra a chapa derrotada.
A situação também afirma que a recontagem de votos é legítima, pois a diferença entre as duas chapas foi inferior a 1% – mais especificamente 35 votos. O Conselho de Entidades de Base também autorizou a nova apuração.
Chapa vencedora diz que decisão é arbitrária
Segundo o presidente eleito, Renan Pretto, a Justiça já foi acionada para que a posse desta noite seja mantida. Ele afirma que o Conselho de Entidades de Base – formado por membros dos diretórios acadêmicos da universidade – estava incompleto no dia da reunião, apenas com integrantes que apoiam a chapa derrotada.
– É uma decisão arbitrária, é um golpe claro da esquerda. Não sabemos o que aconteceu com as urnas nesse meio tempo – diz Renan.
Os vencedores temem que agora, duas semanas após a eleição, as urnas possam ter sido violadas para beneficiar a chapa que perdeu. Eles confirmam a existência do vídeo, mas ressaltam que foi “mais uma trapalhada” da Comissão Eleitoral, que deixou as urnas desamparadas. Renan afirma que integrantes de outras chapas estavam presentes no momento da filmagem e que, após o episódio, todos os grupos assinaram atas para comprovar que nenhuma urna fora aberta.
A esquerda não perdia uma eleição no DCE desde os tempos da ditadura. Ao se dividir em três chapas, viu um grupo que rejeitava o “Fora Yeda” e prometia lutar apenas por questões acadêmicas vencer o pleito.