CENÁRIOS PARA 2010
Congresso do PSOL não define candidato
Diante da possibilidade de a senadora Marina Silva concorrer à Presidência da República pelo PV, o PSOL encerrou seu 2º Congresso sem conseguir convencer a ex-senadora Heloísa Helena a se lançar candidata.
A maioria dos 372 delegados nacionais defende que o partido apresente candidatura própria à sucessão do presidente Lula. O nome do candidato, entretanto, só deverá sair dentro de dois meses, quando ocorrerá uma convenção, com caráter eleitoral.
ELEIÇÕES 2010
Protógenes busca filiação a partido ligado ao governo
Delegado afastado da Polícia Federal afirma que até 2 de setembro anuncia a escolha da sigla
Priscila Montandon
Depois de participar de atos públicos contra a corrupção promovidos pelo PSOL, o delegado da Polícia Federal Protógenes Queiroz – que comandou a Operação Satiagraha, foi o responsável pela prisão do banqueiro Daniel Dantas e depois foi afastado das investigações pela PF por supostos abusos e ilegalidades – garante com todas as letras que pretende se filiar em setembro a um partido da base do governo Lula.
O detalhe é que o PSOL faz oposição a Lula. Mas o delegado quer negociar:
– Se o PSOL ficar de fora da base aliada do governo, obviamente está fora da lista de partidos que escolherei. A discussão que terei com eles é a questão do apoio.
A declaração de Protógenes surpreendeu a deputada federal Luciana Genro (PSOL), que mantém boa relação com o delegado e apresentou-o em comícios nas eleições do ano passado, em Porto Alegre. Ao saber que ele havia se decidido por uma sigla pró-Lula e que tentaria dialogar com o PSOL um possível apoio ao Planalto, ela disparou:
– Ele disse isso? Ele sabe que isso não está em negociação. Somos oposição ao governo Lula.
A deputada disse que ainda há expectativa de que o delegado vá para seu partido e que tem conversado sobre o tema com Protógenes.
Na semana passada, Protógenes desmentiu a informação de que estaria tratando com o PSB depois de uma suposta negociação malsucedida com o PDT. De acordo com o presidente estadual do PDT em São Paulo, deputado federal Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força Sindical, Protógenes teria se distanciado da sigla porque pretendia se candidatar a senador, contra a vontade do partido, que preferia vê-lo disputando uma vaga de deputado federal.
– Não podíamos garantir a candidatura ao Senado. Estamos trabalhando com a ideia do bloco de esquerda, com uma chapa única que envolva governador e dois candidatos ao Senado. Uma das vagas seria do Aloizio Mercadante (PT) e, caso a outra seja do PDT, eu pretendo disputá-la. Mas Protógenes cismou que queria ser senador, então a nossa relação esfriou bastante – disse Paulinho.
Protógenes tampouco divulga o cargo que pretende disputar, oscilando entre deputado federal e senador, e justifica seu distanciamento do PDT em razão de um anúncio precoce de sua filiação pela cúpula da sigla:
– Eles se anteciparam em divulgar uma situação que não era verdadeira.
O responsável pela prisão de Daniel Dantas, que já calca sua campanha no combate à corrupção, colhe diariamente os frutos da popularidade conquistada desde a Operação Satiagraha. Segundo ele, sua popularidade é nacional e, não raro, ouve de moradores das cidades que visita pedidos para que dispute eleições.
– Chegam a me dizer que eu nem tenho a opção de não me candidatar, que eu simplesmente tenho de me candidatar.
Baiano criado no Rio de Janeiro e que vai disputar as eleições por São Paulo, onde construiu sua trajetória na PF, Protógenes acredita que terá cerca de 1,5 milhão de votos, de acordo com pesquisa à qual ele diz ter tido acesso. O delegado promete divulgar o partido escolhido até dia 2 de setembro e oficializar a filiação no dia 7 do mesmo mês.