Bomba atômica
Está chegando ao fim o longo período de silêncio do Ministério Público Federal em relação à investigação derivada da Operação Rodin que deve embasar ações contra políticos e administradores públicos. Desde fevereiro, aguarda-se uma manifestação dos procuradores da República que trabalharam na representação encaminhada pelo PT ao final dos trabalhos da CPI do Detran. Se nenhum acidente de percurso ocorrer, o mistério será revelado até o final da semana.
A repórter Adriana Irion apurou que o material preparado pelo MPF tem potencial para sacudir os meios políticos, por envolver detentores de mandato. São pessoas com foro privilegiado, que, no primeiro momento, ficaram de fora da denúncia à Justiça Federal. Além de rever escutas telefônicas autorizadas à época da Rodin, os procuradores coletaram provas e anexaram a essa investigação todos os elementos que receberam desde então.
Se houve a delação premiada de Lair Ferst – que ninguém confirma –, a colaboração entrou nessa investigação. É por acreditar na existência da delação que a deputada Luciana Genro e o vereador Pedro Ruas, do PSOL, insistem em dizer que as provas das acusações que fizeram lá em fevereiro estão com o Ministério Público. Pelo que se sabe, no entanto, a ação dos procuradores vai muito além dos fatos citados por Luciana.
Na denúncia dos indiciados na Operação Rodin, chamou a atenção o fato de não ter sido pedida investigação de pessoas com foro privilegiado. Isso só ocorreu meses depois, pelo Ministério Público Estadual, que encaminhou à Procuradoria-Geral da República notícia-crime contra o deputado federal José Otávio Germano (PP) e o presidente do Tribunal de Contas do Estado, João Luiz Vargas.
À época, o Ministério Público Estadual se baseou nas mesmas escutas que o MPF havia considerado insuficientes como prova do envolvimento de autoridades. A divulgação dos áudios provocou um princípio de crise nas relações entre o MPE e o MPF. Os procuradores da República preferiram continuar investigando para colher provas conclusivas.
Névoa no Congresso
A obscuridade nos atos do Senado levou, quem diria, PSOL e PSDB a mirar em um alvo comum: o presidente da Casa, José Sarney (PMDB).
Ontem, o líder tucano, senador Arthur Virgílio (AM), denunciou Sarney ao Conselho de Ética por quebra de decoro. Hoje, o PSOL deverá representar na mesa diretora do Senado contra Sarney e contra o ex-presidente da Casa Renan Calheiros.