PSOL tem presença ostensiva em ato
Estudantes usam refrões da oposição a Yeda, mas negam atrelamento
Adriana Irion
Ao lado de líderes do PSOL, estudantes realizaram ontem em Porto Alegre mais um ato do movimento de caras-pintadas pela apuração de denúncias de corrupção contra a governadora Yeda Crusius. Na quarta-feira, tinham ocorrido manifestações em Pelotas e Santa Maria.
Os participantes utilizam o mesmo slogan – “Ella não pode continuar” – de campanha do Cpers-Sindicato, entidade comandada por militantes de PT, PSOL e PSTU. Alguns também ostentavam adesivos com a frase “Fora Yeda”, mote de uma campanha do PSOL. Os estudantes negam a ingerência de partidos no movimento.
A reivindicação mais citada pelos alunos é a apuração de episódios de corrupção no governo, com foco nas denúncias feitas pelo PSOL em fevereiro.
– É uma iniciativa do movimento estudantil. O PSOL está apoiando. A vinda dos caras-pintadas para a rua é o único caminho para que ocorra um desenlace para o impasse que o Estado vive hoje, que é uma corrupção escancarada e a governadora protegida pelos partidos. Basta que o povo saia às ruas para termos essa solução – destacou a deputada Luciana Genro (PSOL), que estava acompanhada pelo presidente estadual da sigla, Roberto Robaina.
No dia 19 de fevereiro, Luciana, Robaina e o vereador Pedro Ruas, todos do PSOL, divulgaram uma série de suspeitas de uso de caixa 2 e de corrupção que teriam ocorrido na campanha e na gestão de Yeda. sustentaram que provas dos fatos relatados existem gravadas em áudio e vídeo em poder do Ministério Público Federal (MPF), mas até hoje a existência do material não foi confirmada.
Filiado ao PSOL e um dos coordenadores do movimento dos caras-pintadas pelo DCE da UFRGS, Rodolfo Mohr garante que a mobilização é dos estudantes, que apenas compartilham com partidos de oposição e sindicatos o sentimento de que “o governo Yeda não pode continuar”.
– O movimento não tem um único pai ou mãe. Nasceu no DCE da UFRGS, que foi contatando outras entidades estudantis. Partidos estão apoiando, mas é um movimento político dos estudantes. Não escolhemos aliados, aceitamos qualquer apoio, até da base do governo – afirmou Mohr.
O ato de ontem começou na Escola Júlio de Castilhos e teve desfecho em frente ao Palácio Piratini, onde um boneco da governadora foi queimado, no final da manhã. Em alguns momentos, o cortejo foi aplaudido pela população. Os participantes eram, na maioria, estudantes secundaristas.
– Este governo está muito ruim. É muita corrupção, professores reclamam de não receber e ainda faltam professores lá na escola. Por isso decidi vir hoje aqui – explicou Jordy Lemos, 15 anos, aluno da Escola Estadual de Ensino Médio Padre Reus.
Um novo ato de movimentos sociais já está marcado para o dia 30. A mobilização é nacional, por conta da crise econômica, mas no Estado o foco serão as suspeitas de corrupção.