MP Federal nega investigar Aod Cunha
O ex-secretário estadual da Fazenda Aod Cunha não consta em nenhum processo criminal ou procedimento administrativo no Ministério Público Federal (MPF) no Rio Grande do Sul. “A informação desmente o que o P-Sol disse em relação ao ex-secretário Aod”, afirmou o advogado do ex-secretário Gabriel Magadan.
No entanto, para a deputada federal Luciana Genro (P-Sol), a resposta do MPF não enfraquece as acusações feitas pelo partido. “Nunca dissemos que ele estava sendo processado, mas que estava em uma fita. Se ele quisesse realmente a verdade, ele teria requisitado à Justiça Federal se a imagem dele consta em alguma fita que esteja sendo investigada pelo MPF.”
No dia 19 de fevereiro, Luciana, o vereador Pedro Ruas (P-Sol) e o líder o partido no Estado, Roberto Robaima, afirmaram ter obtido acesso a gravações de áudio e vídeo em que Aod aparecia como interlocutor. Os registros, feitos pelo lobista Lair Ferst, segundo os denunciantes, foram entregues ao MPF e comprovariam a corrupção no governo de Yeda Crusius.
Os três responsáveis pelas acusações foram intimados pela justiça para uma interpelação. Pedro Ruas foi intimado na quarta-feira passada. Na quinta-feira foi a vez e Robaima e Luciana. “Vamos aguardar a interpelação e, nessa semana, deveremos anunciar as medidas judiciais que proporemos, como uma ação cível e criminal. Deverão ser acionados cada um que participou da acusação, ou seja Pedro Ruas, Luciana e Robaima”, assegurou Magadan.
Luciana afirmou que irá responder à interpelação. “Vou dizer tudo aquilo que afirmei e repito. Se o Aod me processar, para me defender vou requerer as fitas. Se alguém estiver se sentindo injuriado tem todo o direito de me processar.”
A deputada aproveitou a resposta do MPF para alfinetar a governadora. Segundo Luciana, o fato de Yeda não tê-la acionado judicialmente lhe causa surpresa. “Ela, como governadora, poderia, se sentindo acusada injustamente, solicitar ao MPF a quebra do sigilo do processo. Por que ela não faz isso? Pelo jeito ela não tem interesse em abrir o processo.”
Ainda na quinta-feira, o delegado responsável pela investigação da morte do ex-representante do Estado em Brasília, Marcelo Cavalcante, afirmou que pretende pedir a prorrogação do inquérito, que se encerra no dia 16. Aelio Caracelli, da 10ª DP do Distrito Federal, deve ouvir mais testemunhas e aguardar o laudo do Instituto Médico Legal.
Na sexta-feira, antes de viajar ao exterior, o advogado de Lair Ferst, Lúcio de Constantino, confirmou que seu cliente encontrou-se com Magda Koenigkan, ex-namorada de Cavalcante, um dia depois de seu enterro. A visita, segundo o advogado, foi em razão do falecimento do ex-representante do governo, o qual Ferst foi companheiro de partido. Constantino negou que seu cliente e Cavalcante fossem amigos íntimos.
Na quinta-feira, o superintendente da Polícia Federal no Rio Grande do Sul, delegado Ildo Gasparetto, afirmou que tinha interesse em interrogar Ferst. Constantino disse que não permitirá que a PF tente reabrir as investigações sobre a Operação Rodin.
O advogado também criticou a participação do delegado federal na investigação da Polícia Civil do Distrito Federal. Para ele, não existem atribuições para a PF no inquérito.
Questionado se seu cliente pretende, assim como Aod Cunha, acionar judicialmente os integrantes do P-Sol, Constantino afirmou não ser o momento adequado. “O Lair não está examinando questões extraprocessuais. Mas, como advogado dele, se houver alguma conduta fora dos trâmites legais, vou reagir com a lei.”
FERNANDO ALBRECHT
Denúncia fria
Com a comprovação do MPF que o ex-secretário da Fazenda Aod Cunha não tem qualquer envolvimento com as irregularidades apontadas pelo P-Sol (matéria nesta edição), abre-se agora o caminho para ações judiciais contra os denunciantes. O vereador Haroldo de Souza (PMDB) defende o afastamento da governadora Yeda Crusius caso as denúncias sejam confirmadas. “Porém, se forem falsas, eu mesmo pedirei a cassação do vereador Pedro Ruas”.