Cartilha 90 anos da Revolução Russa
Apresentação
…” Embora, como é evidente, saibamos que cada povo, cada classe e até cada partido se educam principalmente a partir da sua própria experiência, de modo nenhum isto significa que a experiência dos outros países, classes e partidos seja de pouca importância. Sem o estudo da grande Revolução Francesa, da Revolução de 1848 e da Comuna de Paris, nunca teríamos realizado a revolução de Outubro, mesmo com a experiência de 1905. Mas, para o estudo da revolução vitoriosa de 1917, nem sequer realizamos um décimo do trabalho que dispendemos para a de 1905. É certo que não vivemos num período de reação, nem na emigração. Em contrapartida, as forças e os meios de que atualmente dispomos não podem ser comparados com os desses penosos dias.(…) É preciso que todo o nosso Partido e particularmente as Juventudes, estudem minuciosamente a experiência de Outubro, que nos forneceu uma verificação incontestável do nosso passado e nos abriu uma ampla porta para o futuro”.
Leon Trotsky. As Lições de Outubro.
Estudar a Revolução Russa nesse momento histórico pode parecer saudosismo, mas está longe disso.
Após a traição da burocracia estalinista e a posterior queda do muro de Berlim, muitos se deixaram levar pela falácia de que a história havia acabado e de que “não havia mais alternativa” ao capitalismo. Professando a necessidade de humanizar o capital e, através da conciliação dos interesses da burguesia e dos trabalhadores, seria possível amenizar a exploração capitalista sem, com isso, abandonar os “valores” que sempre orientaram a luta socialista. Em uma palavra, negaram a necessidade da mobilização de massas assumir um caráter revolucionário e anticapitalista.
Felizmente a história é sempre mais contundente e dinâmica que a vontade de alguns indivíduos. Desde a histórica mobilização de Seattle em 1999 que tomou as ruas contra a “vontade dos mercados” representada pela OMC (Organização Mundial do Comércio) e impediu que esta fizesse sua reunião. Passando pelas inúmeras mobilizações contra o G8 (grupo dos oito países mais ricos do mundo) em Quebec, Gênova… até a construção do Fórum Social Mundial, mostraram que uma parcela importante da humanidade já havia cansada do modelo neoliberal, das mazelas do capitalismo e continuava disposta a lutar contra ele, apesar das dificuldades.
Esse processo se expressou em diversos momentos nos últimos anos. Como ápice, em 15 de fevereiro de 2003, presenciamos a maior mobilização coletiva da história da humanidade contra a agressão imperialista no Iraque que veio acompanhada do crescimento do sentimento antiimperialista.
Particularmente na América Latina após inúmeras insurreições (Equador 2000-2005, Argentina em 2001-2002, Bolívia 2003-2005…), a consciência antineoliberal e antiimperialista do povo se expressou nas eleições, processo que ainda não se encerrou. A Venezuela bolivariana, sem dúvida, foi a experiência que mais avançou nesse terreno. Como conseqüência do chamado “caracazo” em 1989, o desenvolvimento da luta antiimperialista levou a uma verdadeira “revolução democrática” que quebrou a antiga configuração partidária, modificou as instituições tornando-as mais participativas e – após uma demonstração de força do povo ao derrotar um golpe militar e recolocar Hugo Chávez na presidência do país – atacou em diversos momentos a propriedade privada da burguesia como na Lei de terras e na nacionalização da principal empresa de petróleo do país – PDVSA. Mas não foi a única. Muitos processos eleitorais expressaram a busca por alternativas e um deles foi a eleição de Lula no Brasil em 2002, tragicamente traído pela conciliação com a burguesia e recheado de ataques à classe trabalhadora.
Pois bem, após a traição operada por Lula e o PT no Brasil, como forma de manter viva a chama do socialismo e defender os interesses da classe trabalhadora, construímos o Partido Socialismo e Liberdade. Sempre presente nas lutas e com um resultado eleitoral importante obtido em 2006 com a candidatura de Heloísa Helena à presidência da República, o PSOL cada vez mais se consolida como um pólo de atração a milhares de lutadores que não aceitam a idéia de que “não há alternativa” e propõe-se a ajudar a necessária revolução brasileira.
Por esse motivo, essa cartilha pretende ser um material que, por um lado, homenageia os 90 anos da Revolução Russa e, por outro, instrumentaliza os socialistas de hoje, adaptados às necessidades e tarefas atuais, a lutar por uma modificação do estado das coisas.
Para obter a cartilha, entre em contato pelo telefone (51) 3029-5049.