Reproduzo o texto assinado por Roberto Robaina de balanço do nosso congresso, com o qual estou de pleno acordo.
Primeiro Rascunho de balanço do congresso do PSOL
O balanço positivo da nossa intervenção no II Congresso do PSOL se materializa na enorme vitória que obtivemos: Heloísa Helena foi reconduzida à presidência do partido, graças à batalha política que travamos em unidade com o MTL, unidade esta que se consolidou na chapa apresentada para direção do partido, encabeçada por Heloísa Helena. O bloco que construímos neste processo é extremamente representativo: Heloísa Helena, Luciana Genro, os presidentes do PSOL de Goiás, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Pernambuco, Alagoas, Rio Grande do Norte, Roraima, Rondônia, Acre, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, Milton Temer, presidente da Fundação Lauro Campos ,o deputado estadual de SP Carlos Gianazzi, o deputado suplente do RS Geraldinho, os vereadores Elias Vaz, de Goiânia, Fernanda Melchionna e Pedro Ruas de Porto Alegre, Ricardo Barbosa de Maceió e valorosos militantes de vários estados.Este bloco se constituiu com uma unidade firme e resoluta, conta com 40 % do partido e é encabeçado pela própria presidente do PSOL. Esta unidade não termina com o Congresso do partido. Vamos seguir juntos no pós congresso travando na base a batalha política para que o PSOL que siga no caminho iniciado na sua fundação. Um partido de esquerda que dialogue com o povo, não apenas um partido de propaganda socialista, mas sim de combate, que lute para ter incidência real na conjuntura do país e não fique apenas fazendo discurso para a vanguarda. Um partido que aproveite as oportunidades, as fissuras na classe dominante para se credenciar junto ao povo, incentivar a mobilização e ajudar os movimentos sociais a se fortalecer para enfrentar os governos e a burguesia. A exemplo do que estamos fazendo no Rio Grande do Sul, onde o PSOL está no centro da luta política denunciando a corrupção do governo Yeda e desta forma ajudando os sindicatos a barrar os ataques aos direitos dos trabalhadores e o desmonte do Estado.
Nosso bloco conseguiu derrotar a articulação dos defensores da tese Novos tempos para o PSOL (APS e Enlace) para tirar Heloísa Helena da presidência do partido. Para os militantes, discursos inflamados em defesa da candidatura de Heloísa à presidência da república, nos bastidores a intenção de removê-la da presidência do partido. Aqueles que mais insistiam em votar uma resolução indicando Heloísa como candidata à presidente da república negaram-se a indicar, de modo unitário em uma votação em separado, Heloísa como presidente do partido. Durante o Congresso chegaram ao cúmulo da agressão contra Heloísa, promovendo uma “ocupação” do palco da mesa do congresso para constranger Heloísa com uma votação a favor do aborto. Queriam obrigar Heloísa a defender o que ela não acredita, da mesma forma que o PT tentou nos obrigar a votar a favor da reforma da previdência. Embora o mérito seja totalmente diferente, pois a discriminalização do aborto é uma bandeira justa, o método da coação é inaceitável em qualquer caso. A “nova maioria” que dizia se conformar em defesa da pluralidade e da democracia interna mostrou-se autoritária e desrespeitosa. Depois deste episódio, que nos obrigou a retirar-nos temporariamente do Congresso, eles recuaram da tentativa de remover Heloísa da presidência do partido. Já não tinham como sustentar os ataques e nem como explicar à base do partido por que nossa principal porta voz, aquela que todos queremos ver disputando a presidência da república, não mais seria presidente do partido.
Heloísa Helena encabeçou a chapa do MES – MTL e independentes (grupo de Milton Temer e grupo do deputado Gianazzi de SP), e embora nossa chapa tenha tido 30 votos a menos que a chapa da APS, Enlace, CSOL e deputado Raul Marcelo, indicamos a presidência do partido. O fato da chapa 1 não ter indicado o presidente do partido foi um claro recuo diante da evidência de que nenhum outro dirigente teria a legitimidade que tem Heloísa para ser presidente do PSOL. Felizmente os companheiros se deram conta disso a tempo. Esta foi uma grande vitória política. O PSOL segue comandado por aquela que é a nossa maior guerreira, o símbolo da luta sem quartel contra o PT e o PSDB, aquela que não vacilou na luta contra a reforma da previdência, que confrontou Lula desde o primeiro momento contra Sarney e Henrique Meirelles, que conduziu o nosso partido nestes 5 anos de forma vitoriosa, fazendo do PSOL uma referência para amplos setores de massas que graças a nossa denúncia permanente “dos segredos profissionais” dos políticos corruptos sabem que o PSOL não faz parte deste balcão de negócios.
Todos sabemos que o II Congresso do PSOL foi precedido de uma dura luta política. Todos os que participaram de alguma plenária escutaram os companheiros da APS e de outras correntes acusarem o MES de não dar bola para a crise econômica e só centrar na questão da corrupção. Na folha de SP de hoje Ivan Valente repete este discurso, acrescentando que a sua chapa “vitoriosa” no congresso vai além “porque para ser contra a corrupção não é necessário ser de esquerda”. Após meses de uma falsa polarização entre os que supostamente não dão bola para a crise e os que a denunciam, a declaração de Ivan pós congresso permite-nos identificar uma divergência importante sobre o tema da corrupção. Para nós a bandeira da luta contra a corrupção é da esquerda, está nas mãos da esquerda, e só a esquerda pode ser conseqüente nesta luta. É PSOL e não o DEM que pode , e já está se credenciando junto ao povo por denunciar a corrupção. Outros podem fazer discursos mas que não se sustentam pela sua história passada e a sua prática presente. Parte da nossa tarefa política é demonstrar ao povo esta incoerência, o que só pode ser feito se formos os primeiros e os mais combativos na denúncia e na exigência de punição aos corruptos. Uma das razões pelas quais esta bandeira é tão importante para o PSOL é justamente porque não podemos deixar que o povo se engane achando que “para ser contra a corrupção não é necessário ser de esquerda. ” É necessário sim! Além disso, sabemos que a melhor forma de lutar contra a crise – e não só fazer propaganda dela – é encontrar as bandeiras que mais mobilizam o povo, sabendo que a crise econômica também se expressa numa profunda crise moral pois a burguesia se utiliza de mecanismos corruptos para sustentar seus lucros e seus privilégios.
Por fim, o fato do nome de Heloísa Helena não ter sido oficialmente apontado como candidata a presidente da república não tem maior importância. Nem Dilma, nem Serra, nem Marina, nenhum dos prováveis candidatos foi ainda apontado oficialmente por seus partidos. Heloísa é nossa candidata natural e assim permanecerá até que seja realizada a conferência eleitoral do partido e a decisão final seja tomada. Não temos dúvida da importância da candidatura de Heloísa à presidência da república. São 3 meses de campanha eleitoral, um período curto mas importante para nos fortalecermos como uma alternativa de esquerda para o Brasil. Mas também acreditamos a companheira Heloísa tem todo o direito de explorar a possibilidade de se candidatar ao Senado, já que está em primeiro lugar nas pesquisas e se eleita obteria um mandato que colocaria o PSOL em outro patamar político dentro do Congresso Nacional durante 8 anos. É o momento de seguir o debate e principalmente de construir uma proposta programática. O MES deu sua contribuição apresentando um rascunho de 80 páginas, que foi distribuído no Congresso. Uma primeira contribuição ao debate, aliás a primeira e até agora única contribuição mais global apresentada ao partido , elaborado por uma Comissão Nacional do MES, que vai seguir trabalhando junto com a militância do PSOL que com certeza tem muito a contribuir nesta discussão.
Além do debate programático, as principais tarefas que se colocam para a militância do PSOL após o congresso são: seguir a campanha pelo Fora Sarney com panfletos, cartazes, abaixo assinados; divulgação da luta pelo Fora Yeda, governadora corrupta do PSDB gaúcho, principalmente em SP território do PSDB de Serra; e engajar-se na batalha pela construção de uma nova central sindical, conforme a resolução votada no congresso. Além disso, temos a tarefa de apoio à luta do povo Hondurenho contra o golpe de direita, inclusive com a ida de uma delegação do PSOL ao país para participar da resistência.
É importante ressaltar também a vitória que foi a realização do seminário internacional, três dias antes do congresso, uma parceria da Secretaria de Relações Internacionais do PSOL (dirigida pelo MES) com a Fundação Lauro Campos. Dirigentes revolucionários de vários países se fizeram presentes, com destaque para o líder da resistência Hondurenha, Gilberto Rios, dirigentes políticos, sindicais e parlamentares da Bolívia, do Perú, Colômbia, Venezuela, Argentina, além de representantes do NPA da França, do ISO dos EUA e intelectuais como François Chesnais e Jorge Bernstein.
Saudações, Roberto Robaina