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por Roberto Robaina

Assassinato covarde de Claudia Ferreira, mulher, mãe, negra, moradora de uma das muitas comunidades de gente humilde – como dizia Chico Buarque – do Rio de Janeiro. Os assassinos? Dois subtenentes e um sargento da PM. Hoje, mais um dia em que policias das UPPs são baleados por traficantes no Rio de Janeiro. Não sei se algum policial foi morto nesta investida, mas este não é o primeiro caso de confronto entre traficantes e policias que transformam favelas em que vivem milhares de famílias em território de guerra. Hoje, aliás, o estopim deste conflito foi a desocupação por parte da polícia de uma ocupação de prédio. Depois disso se desencadeou os ataques armados.

Há, é claro, muita confusão, conflito, desordem, descontrole. Mas tem uma questão que é clara como o dia: a política de repressão contra o tráfico de drogas fracassou. Manter esta política somente pode ter como objetivo criminalizar a pobreza e utilizar a suposta guerra contra as drogas numa política de repressão contra os pobres, contra os negros e contra os jovens. Nada justifica do ponto de vista dos interesses da população, da construção de uma verdadeira política de segurança pública, a continuidade desta política que transforma o comércio de maconha, por exemplo, em crime. É hora de legalizar o uso da maconha e garantir que a mesma seja comercializada. Este é o único caminho para quem realmente não quer que o tráfico de drogas continue. É o caminho que adotaram o Uruguai e inúmeros estados dos EUA. Caso contrário, segue a linha absurda da Lei Seca, que permitiu o poder das máfias nos EUA nas primeiras décadas do século XX.

Não é à toa que hoje no Rio de Janeiro o negócio das drogas envolve cada vez mais policiais, juízes, empresários e políticos. O filme Tropa de Elite II mostrou isso. Mostrou que este também é o sistema. É hora de combate-lo. Por isso é tão importante o projeto de descriminalização da maconha que Jean Wyllys, deputado federal do PSOL, protocolou nesta semana.