Dia da Saúde
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Dia da Saúde

Tempo de espera para consulta com ortopedista em Porto Alegre pode chegar até 50 anos

Por Luciana Genro

Hoje, 7 de abril, é o Dia Mundial da Saúde. Essa data pode ser um momento de reflexão e construção coletiva a respeito da Saúde que queremos para nossa cidade. 
É preciso estabelecer um amplo diálogo com os trabalhadores e usuários da rede de saúde em Porto Alegre.

Existem sérios problemas que comprometem o atendimento todos os dias: escassez de materiais básicos, como álcool e luvas; falta de medicamentos, inclusive para diabetes; unidades de saúde com equipes incompletas, sem profissionais de Enfermagem, Farmácia e Medicina; e equipes de Estratégia da Família com poucos agentes comunitários de Saúde. Os profissionais enfrentam péssimas condições de trabalho. Quem cuida da saúde dos porto-alegrenses está adoecendo! O afastamento por motivos de doença é um sinal de alerta e de uma gestão municipal que está em desacordo com os princípios do SUS.

É inadmissível que tenhamos postos, hospitais e farmácias municipais em condições indignas de funcionamento. Os problemas se agravam quando nos dirigimos à periferia e à região das ilhas, onde o povo vive um cotidiano de agonia e espera por atendimento que, muitas vezes, começa na madrugada para marcar consulta ou obter uma ficha. Algumas especialidades estão com uma fila de espera para atendimento que pode superar o próprio tempo de vida dos pacientes. Quem busca ser atendido por ortopedistas precisa entrar em uma fila que já possui cerca de 9 mil pessoas aguardando por uma consulta. Como são 15 atendimentos por mês para Porto Alegre, o tempo de espera não é menor do que dois anos e pode chegar a absurdos 50 anos!

Quem consegue ser atendido enfrenta o medo da violência dentro dos serviços municipais de saúde. A situação do Postão da Cruzeiro está insustentável, com pacientes e profissionais sendo reféns de uma violência devastadora que assola a região como um todo. Porto Alegre está na UTI. Sua doença não se revela apenas na situação degradante dos serviços de saúde, mas na ausência de um projeto de cidade conectado às necessidades do povo e não das castas políticas e econômicas.