A Polícia Federal, o Ministério Público Estadual e o Ministério Público de Contas detalharam em coletiva de imprensa na tarde desta quinta-feira, 2, a Operação Mercari, que investiga o desvio de cerca de R$ 10 milhões do Banrisul, nos últimos 18 meses, através do superfaturamento de campanhas de marketing.
O superintendente da PF no Rio Grande do Sul, delegado Ildo Gasparetto, frisou que o Banrisul seria “vítima de uma quadrilha que tirava dinheiro do banco para usá-lo de maneira particular”. Segundo ele, hoje foram cumpridos 11 mandados de busca e apreensão – 10 em Porto Alegre e um em Gravataí, na Região Metropolitana – que recolheram computadores e documentos que podem comprovar teses de existência de lavagem de dinheiro e evasão de divisas.
Três pessoas foram presas: o superintendente de Marketing do Banrisul, Walney Fehlberg, e diretores das agências de publicidade SLM e DCS, respectivamente, Gilson Stork e Armando D’Elia Neto. Eles foram detidos em flagrante por peculato e lavagem de dinheiro porque durante as buscas em residências e empresas a PF apreendeu dinheiro sem origem identificada. Até o momento, foi recolhido um total de cerca de R$ 2 milhões em poder dos três, entre reais, dólares e euros.
Na coletiva, as autoridades não quiseram revelar os nomes dos presos, mas as identidades já haviam sido reveladas pelo jornal Zero Hora. Gasparetto disse que o “alto diretor do Banrisul” (Fehlberg) já havia sido detido em junho, tentando sair do país com US$ 20 mil, e estava solto graças a um habeas corpus. Não se sabe como seguia na direção de Marketing do banco.
Em nota, a PF havia afirmado que o dinheiro havia sido desviado por “suposta organização criminosa, integrada por alto funcionário do banco, diretores de agência de publicidade e prestadores de serviços”. O texto diz ainda que “o esquema se daria através de superfaturamento na produção de ações de marketing contratadas junto a agências, as quais eram terceirizadas a empresas que, por sua vez, subcontratariam os reais executores dos serviços a preços muito menores do que aqueles cobrados do banco”. Pelo menos duas agências do Banrisul estão sendo investigadas.
Gasparetto disse que ainda não se sabe o destino do dinheiro superfaturado, mas que a PF espera devolver toda ou parte da quantia ao banco. De acordo com o procurador-geral do MP de Contas, Geraldo Da Camino, a testemunha que deu início às investigações apresentou-se ao Ministério Público ainda em outubro de 2009. Ela prestava serviços ao banco e sentiu-se lesada porque não recebeu a quantia que havia combinado previamente. Segundo Da Camino, a identidade dessa testemunha está sendo preservada.
A deputada federal Luciana Genro, o presidente do PSOL gaúcho, Roberto Robaina, e nosso candidato ao Piratini, Pedro Ruas, acompanharam a entrevista. O partido já vinha denunciando esquemas de corrupção no governo de Yeda Crusius, e apontou, em fevereiro de 2009, a participação de agências de publicidade nos casos. Clique aqui para relembrar.