O PSOL deu início neste 1º de março às atividades na Esquina Democrática em 2010. Tradicionalmente, lideranças e militância partido vão ao espaço de ampla circulação no centro de Porto Alegre nas segundas-feiras prestar contas de seus mandatos à população gaúcha. As apresentações foram feitas pelo membro da Executiva Rodolfo Mohr, que passou primeiro a palavra à vereadora da Capital Fernanda Melchionna.
Fernanda lembrou que um dos temas mais debatidos na Câmara Municipal é a saúde pública: “Logo a saúde foi vítima de desvios de recursos, via Instituto Sollus. É importante lembrarmos disso, pois debatemos a morte do secretário da Saúde, Eliseu Santos. E, neste momento, queremos solidarizar com a família e os amigos, mas também apontar que há um pedido de CPI na Câmara, protocolado por nosso vereador e líder da oposição, Pedro Ruas, para investigar esses desvios que ocorreram na gestão de Eliseu e que podem ter sido a causa de sua morte. Por que eu, particularmente acredito, que esse não foi um crime comum, mas uma queima de arquivo, para calar o secretário.”
O assassinato do secretário municipal da Saúde foi citado e lamentado também pelos demais presentes. O presidente estadual do PSOL, Roberto Robaina, afirmou que, para o partido, o crime “está relacionado às inúmeras polêmicas” em que Eliseu se envolveu em seus mandatos de vice-prefeito de Porto Alegre e na pasta. “Foi uma gestão polêmica. Sabemos que mais de R$ 9 milhões foram desviados pelo Instituto Sollus da secretária. E esse instituto paulista, contratado por Eliseu, não tinha currículo para o trabalho que lhe foi atribuído. Agora, recebemos a informação de que os sigilos telefônico e bancário do secretário serão quebrados, para que as investigações possam prosseguir. Sabemos que Eliseu vinha sendo ameaçado. Quem e por que ameaçava nosso secretário da Saúde, que o levou a reagir com tiros à abordagem que o levou à morte? Já sofremos com as falcatruas infelizmente tão atreladas a nossa política, não podemos aceitar que a política agora esteja vinculado a assassinatos!”
O vereador líder da oposição de Porto Alegre e pré-candidato ao governo do Rio Grande do Sul, Pedro Ruas, abriu sua fala reiterando o compromisso do PSOL de prestar contas na Esquina. E chamou a população a também fazer sua parte como cidadãos. “São 36 vereadores com mandato, precisamos de um terço disso de assinaturas para abrir a CPI que pode investigar os desvios da saúde no nosso município. O povo precisa exercer seu direito – e eu diria até dever – de exigir ações de quem elegeu. Estamos há 40 dias com o requerimento para investigar esse furto de R$ 9 milhões aos cofres públicos, questão de total interesse da população, principalmente na classe baixa – pois a classe média se garante com seus planos e seguros. Mas a camada mais pobre depende do poder público para tratar da sua saúde e vê esse dinheiro se perder. Não existe corrupção unilateral. Alguém facilitou, ou por interesse ou por incompetência, esse desvio, e temos condições de investigar, mas precisamos do apoio da população para obter as 12 assinaturas necessárias”, conclamou.
A última a falar foi a deputada federal Luciana Genro, que lembrou que o PSOL é o único partido que se faz presente regularmente na Esquina: “Viemos prestar contas, ouvir a população, praticamente todas as semanas, e não apenas em época de eleição. Este é um ano eleitoral, e vocês verão os partidos se revezarem aqui, mas quem circula pelo Centro sabe que nós estamos aqui regularmente, relatando nossas lutas e nossas propostas.” A parlamentar também citou a insegurança na Capital: “Compartilhamos a indignação contra esses atos de violência, como a morte do secretário Eliseu Santos e o tiroteio ocorrido ontem na Redenção, onde jovens se enfrentaram, certamente motivados por essa droga que também é caso de saúde pública, que é o crack. Os jovens são os autores e as vítimas dessa violência que cresce na nossa cidade, como reflexo da falta de empregos, da drogadição, da disputa de gangues, da miséria e da desesperança.”
Luciana também contou à população sobre as ações que apresentará em Brasília nesta semana. Um projeto visa a regulamentar as demissões em empresas públicas, e beneficiaria um universo de centenas de milhares de trabalhadores, vítimas da falta de estabilidade gerada pela permanente troca de administradores e pela falta de regras para a dispensa, mesmo nos casos em que foi prestado concurso público. O outro diz respeito exatamente aos concursos. Ela pedirá ao STF súmula vinculante para a nomeação de todos os aprovados em concursos conforme o número de vagas anunciado: “Vamos acabar com a indústria do concurso, sem nomeação.”